Charles Sanders Peirce









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Charles Sanders Peirce


Nascimento

10 de setembro de 1839
Cambridge (Massachusetts)
Morte

19 de abril de 1914 (74 anos)
Milford (Pensilvânia)
Nacionalidade

Estadunidense

Alma mater

Universidade Harvard
Religião

Igreja Episcopal dos Estados Unidos
Campo(s)

Matemática, lógica, filosofia, semiótica, estatística, metrologia, química, psicologia experimental, economia, linguística, história da ciência



























Charles Sanders Peirce (Cambridge, 10 de setembro de 1839 — Milford 19 de abril de 1914), foi um filósofo, pedagogista, cientista, linguista e matemático americano. Seus trabalhos apresentam importantes contribuições à lógica, matemática, filosofia e, principalmente à semiótica. É também um dos fundadores do pragmatismo, junto com William James e John Dewey.


Inovador em matemática, estatística, filosofia, metodologia de pesquisa e em várias ciências, Peirce se considerava, antes de tudo, um lógico. Ele fez grandes contribuições à lógica que, para ele, abarcava muito daquilo que agora é chamado de epistemologia e filosofia da ciência. Ele enxergava a lógica como o ramo formal da semiótica que prenunciava o debate entre os positivistas lógicos e os defensores da filosofia da linguagem que dominou a filosofia ocidental do século XX. Além disso, ele definiu o conceito de raciocínio abdutivo, bem como a indução matemática rigorosamente formulada e o raciocínio dedutivo. Já em 1886, ele viu que operações lógicas poderiam ser realizadas por circuitos elétricos de comutação; a mesma ideia foi usada décadas depois para produzir computadores digitais.[1]


Em 1934, o filósofo Paul Weiss classificou Peirce como "o mais original e versátil dos filósofos americanos e o maior lógico da América"​​.[2] O Webster's Biographical Dictionary registava em 1943 que Peirce era "agora considerado como o mais original pensador e maior lógico de sua época".[3]Keith Devlin se referiu a Peirce como um dos maiores filósofos de todos os tempos.[4]




Índice






  • 1 Biografia


    • 1.1 A Dança dos Estudos da Linguagem pela Semiose de Peirce




  • 2 Bibliografia


  • 3 Artigos sobre Peirce em Português


  • 4 Ver também


  • 5 Referências





Biografia |


Era filho de Benjamin Peirce, na época um dos mais importantes matemáticos de Harvard.


Charles Sanders Peirce licenciou-se em ciências e doutorou-se em química em Harvard. Ensinou filosofia nesta universidade e na Universidade Johns Hopkins. Foi o fundador do Pragmatismo e da ciência dos signos, a semiótica. Antecipou muitas das problemáticas do Círculo de Viena.


Peirce também era físico e astrônomo. Dentro das ciências culturais estudou particularmente linguística, filologia e história, com contribuições também na área da psicologia experimental. Estudou praticamente todos os tipos de ciência em sua época, sendo também conhecedor de mais de dez idiomas. Propôs aplicar na filosofia os métodos de observação, hipóteses e experimentação a fim de aproximá-la mais das características de ciência.


Peirce concebia a Lógica dentro do campo do que ele chamava de teoria geral dos signos, ou Semiótica. Os últimos 30 anos de sua vida foram dedicados a estudos acerca da Semiótica, para Peirce um sistema de lógica. Produziu cerca de 80.000 manuscritos durante a vida, sendo que 12.000 páginas foram publicadas.


A semiótica peirciana pode ser considerada uma Filosofia científica da linguagem. A Fenomenologia é a ciência que permeia a semiótica de Peirce, e deve ser entendida nesse contexto. Para Peirce, a Fenomenologia é a descrição e análise das experiências do homem, em todos os momentos da vida. Nesse sentido, o fenômeno é tudo aquilo que é percebido pelo homem, seja real ou não.






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Seus estudos levaram ao que ele chamou de Categorias do Pensamento e da Natureza, ou Categorias Universais do Signo. São elas a Primeiridade, que corresponde ao acaso, ou o fenômeno no seu estado puro que se apresenta à consciência, a Secundidade, corresponde à ação e reação, é o conflito da consciência com o fenômeno, buscando entendê-lo. Por último a Terceiridade, ou o processo, a mediação. É a interpretação e generalização dos fenômenos.



A Dança dos Estudos da Linguagem pela Semiose de Peirce |


Um signo, seu objeto e sua interpretação: os três sujeitos da semiose de Pierce. Os estudos da linguagem talvez possam se encaixar nessa ação triádica, haja vista o mecanismo natural de se abrir novas possibilidades teóricas a partir de pontos já corroborados, no todo, ou até mesmo refutados, neste caso, aproveitando-se parte de estudos desenvolvidos para ganchos de novos conceitos.


A linguagem seria o signo, a escrita e a fala seriam os objetos, e as várias teorias sobre a linguagem seriam a interpretação. A partir destes ajustes se constroem as infindas roupagens da língua e as oposições conceituais sobre este signo.


Um exemplo seria o "atomismo lógico" proposto por Bertrand Russell, no início do século passado, cuja intenção "era considerar que as frases têm existência própria, independente do sujeito e da experiência". Essa tese foi apoiada pelo filósofo Ludwig Wittgenstein que afirmava ser a linguagem uma "representação projetiva da realidade". Contudo, após a evolução dos estudos ditos da corrente positivista lógica e com sua junção com as linhas pragmáticas da América do Norte, a posição de Ludwig em relação a Russell passou a ser contrária, com várias críticas sobre o modelo tradicional de interpretação aceito inicialmente. Ao observar este exemplo percebe-se que Ludwig se encaixou nas categorias da semiose pierciana. Em princípio, pegou a tese de Russell já fechada em sua terceiridade e a abriu, iniciou então seus próprios estudos sobre o signo linguagem (primeiridade), no decorrer de suas análises sobre os objetos "escrita" e "fala" desenvolveu a secundidade do signo e, deste modo, finalizou o processo novamente em outra terceiridade quando diz que "o jogo de linguagem não é nada tão elementar (…) a linguagem tem jogos incontáveis: novos tipos de linguagens, novos jogos linguísticos surgem continuamente, enquanto outros envelhecem ou são esquecidos".


Valorizando a língua falada, considerando que antes de serem escritas as linguagens eram faladas, Saussure faz paralelo entre a linguagem e o jogo de xadrez, em um sentido de valores relativos para os signos linguísticos (entenda-se por isso um significante - imagem acústica: um substantivo qualquer - e um significado - conceito: o substantivo real), ou seja, "o valor respectivo das peças depende de sua posição sobre o tabuleiro, da mesma forma que na língua cada termo tem seu valor pela oposição com todos os outros".


Também nas colocações de Saussure percebe-se a influência da semiose, pois, analogicamente, ao se começar um jogo de xadrez se têm a primeiridade no posicionamento das peças no tabuleiro, em um segundo momento (no desenrolar das jogadas, no pensamento das consequências de cada movimento das peças, não que se possa prever com exatidão qual será a articulação feita pelo opositor) se vê o secundismo, por fim, é chegada a hora do fechamento do ciclo com um xeque-mate ou mesmo com um empate entre os jogadores. Então, não é assim nos diálogos travados entre falantes? Primeiro se propõe um determinado assunto (primeirismo), o mesmo sendo aceito, vai-se então para o desenvolvimento dos argumentos (secundismo) - em um verdadeiro jogo de palavras, frases, orações e conceitos - as melhores explanações fecham a semiose em um ato de persuasão da parte contrária (terceirismo). Contudo, pela lógica da semiose de Peirce, na linguística estrutural de Saussure, quando há a proposição de um novo debate, sobre o mesmo assunto, abre-se a possibilidade de um novo fechamento, da parte antes vencida ser a vencedora, basta que saiba ter habilidade no momento do secundismo.


Como em uma semiose aplicada ao macro da linguagem, a linguística estrutural de Saussure, como todas as outras correntes teóricas, sofreu embates, pois, segundo Émile Benveniste (antes propagador das ideias do pesquisador suíço, no Círculo Linguístico de Praga) e Merleau-Ponty, a analogia de Saussure colocou a língua em um contexto mecânico. Para Benveniste, o signo seria uma partícula arbitrária. Já Ponty, leva em consideração a existência de um contexto inexpresso, ou seja, uma conexão que une, por exemplo, um sujeito a um verbo, um conceito que daria à sentença um caráter vivo (orgânico) e não simplesmente mecanicista.


Estes tipos de oposição podem ser tomados como algo agregador à evolução da linguagem e não apenas como uma pura e simples realização das correntes que a estudam no decorrer da história, em outros termos: o movimento dialético também pode ser o instrumento que propulsiona o desenvolvimento dos signos e, segundo Clément, para Hegel, tal movimentação não significa um método, mas a própria vida do espírito que se mantém através do negativo.


Ou, citando Goethe, "eu sou aquilo que tudo nega, pois o que existe, é para ser destruído".



Bibliografia |



  • Peirce, C. S. (1999). Semiótica, trad. José Teixeira Coelho Neto. 3aed. São Paulo: Perspectiva. Tradução de: The Collected Paper sof Charles Sanders Peirce.

  • Peirce, C. S. (1993). Semiótica e Filosofia, trad. Octanny Silveira da Mota e Leonidas Hegenberg. São Paulo:Cultrix.

  • Peirce, C. S. (1974). Charles S. Pierce in Os Pensadores, trad. Armando Mora D’Oliveira, Sergio Pomerang Blum e Luís Henrique dos Santos. São Paulo: Abril Cultural.


espanhol

  • Peirce, C. S. (1968). Escritos lógicos. Madrid:Alianza.


Artigos sobre Peirce em Português |


(a partir de lista elaborada por Lucia Santaella PUC/SP)



  • Agostinho, M.O.D. (2000) A mente humana como sistema auto-organizativo à luz da semiótica peirceana. Caderno da 3ª Jornada do Centro de Estudos Peirceanos, 39-48. 

  • Bacha, M. de L. (1999) Indução: alguns pontos do diálogo de Peirce e Mill sobre a uniformidade do universo. Caderno da 2ª Jornada do Centro de Estudos Peirceanos,13-20.

  • Bacha, M. de L. (1997) A teoria da investigação de C.S. Dissertação de mestrado, inédita. PUC.

  • Bacha, M. de L. (1997) A questão da causalidade e continuidade em Humee como esta questão é resolvida em Peirce. Caderno da 1ª Jornada do Centro de Estudos Peirceanos,71-76.

  • Deledalle, G. (1984) Elementos de Semiótica Peirceana, trad. Américo Oliveira Santos.Cruzeiro Semiótico, 20-29.

  • Eco, U. , T. A. (orgs.) (1991) O signo de três: Dupin, Holmes, Peirce,trad. Silvana Garcia. São Paulo: Perspectiva. 

  • Ibri, I. A. (2001) Ser e aparecer na filosofia de Peirce: o estatuto da fenomenologia. CognitioII, São Paulo: EDUC & Palas Athena, 67-75.

  • Ibri, I. A. (2000) As conseqüências de conseqüências práticas no pragmatismo de Peirce. Cognitio1, São Paulo: EDUC & Palas Athena, 30-37.

  • Ibri, I. A. (2000) Sobre a identidade ideal-real na filosofia de Charles S. Peirce. Cognitio1, São Paulo: EDUC & Palas Athena, 38-45.

  • Marques, L. (2001) Bases para uma Filosofia da Arte Peirceana. Caderno da 4ª Jornada do Centro de Estudos Peirceanos, 19-30.[Online]

  • Martinez, J.L. (2000) Música, semiótica musical e a classificação das ciências de Charles Sanders Peirce.Caderno da 3ª Jornada do Centro de Estudos Peirceanos, 28-38.

  • Martinez, J.L. (1999) Uma teoria semiótica da Música, baseada na Teoria Geral dos Signos de Charles Sanders Peirce.Caderno da 2ª Jornada do Centro de Estudos Peirceanos,31-37.

  • Nöth, W. (1995). Panorama da Semiótica: de Platão a Peirce. São Paulo:Annablume.



Ver também |




  • Biossemiótica

  • George Herbert Mead

  • Dewey

  • Josiah Royce

  • Pragmatismo

  • Semiótica psicanalítica

  • Semiótica

  • Teoria semiótica da complexidade

  • William James




Referências




  1. Peirce, C. S. (1886). «Letter, Peirce to A. Marquand». Writings of Charles S. Pierce, 5:541–543 – via Google Books  veja Burks, Arthur W. (1978). [«Charles S. Peirce, The new elements of mathematics» Verifique valor |url= (ajuda) (PDF). Book Review. Bulletin of the American Mathematical Society. Eprint. 84 (5): 917, 913–918  Also Houser, Nathan. «Introduction». Writings of Charles S. Pierce. 5. [S.l.: s.n.] p. xliv 


  2. Weiss, Paul (1934). «Peirce, Charles Sanders». Dictionary of American Biography. Arisbe 


  3. «Peirce, Benjamin: Charles Sanders». Webster's Biographical Dictionary. Springfield, Massachusetts: Merriam-Webster. 1960 [1943] 


  4. Devlin, Keith (2000). The Math Gene. [S.l.]: Basic Books. ISBN 9780465016198 
































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