Adão e Eva
Multi tool use
Nota: ""Adão"" e ""Eva"" redirecionam para este artigo. Para outros significados, veja Adão e Eva (desambiguação), Adão (desambiguação) ou Eva (desambiguação).
@media all and (max-width:720px){.mw-parser-output .tmulti>.thumbinner{width:100%!important;max-width:none!important}.mw-parser-output .tmulti .tsingle{float:none!important;max-width:none!important;width:100%!important;text-align:center}}
Segundo o mito de criação das religiões abraâmicas, Adão e Eva foram o homem e a primeira mulher criados por Deus.[1][2] São o centro da crença na humanidade como essencialmente uma única família, com todos descendendo de um par original de ancestrais.[3] Proveem também a base das doutrinas da queda do homem e do pecado original, embora estas não sejam pregadas no Judaísmo ou no Islamismo.
Nos cinco primeiros capítulos do Livro do Gênesis da Bíblia Hebraica há duas narrativas de criação com duas perspectivas distintas. Na primeira, Adão e Eva não são nomeados. Ao invés disso, Deus cria a humanidade em sua imagem e os instrui a se multiplicarem e administrarem tudo que Deus havia criado até então. Na segunda narrativa, Deus cria Adão do barro e o põe no Jardim do Éden. A Adão é dito que ele pode comer livremente de todas árvores no jardim, exceto da árvore do conhecimento do bem e mal. Subsequentemente, Eva é criada a partir de uma das costelas de Adão para fazer-lhe companhia. Eles são inocentes, sem vergonha da sua nudez. No entanto, uma serpente engana Eva, convencendo-a a comer o fruto da árvore proibida. Ela dá também a fruta para Adão. Esses atos lhe dão conhecimento adicional, mas também noções negativas e destrutivas, como o mal e a vergonha. Deus posteriormente amaldiçoa a serpente e a terra. Deus profeticamente diz a mulher a ao homem que haverão consequências pelo pecado de desobedecer Deus. Ele então os bane do Jardim do Éden.
A história passou por extensiva elaboração em tradições abraâmicas futuras, e foram largamente analisadas por estudiosos bíblicos modernos. Interpretações e crenças referentes a Adão e Eva e a história envolvendo-os varia entre religiões e seitas; por exemplo, a versão islâmica da história afirma que Adão e Eva foram igualmente responsáveis pelo pecado de arrogância, ao invés de Eva ser a primeira a ser desleal. A história de Adão e Eva é frequentemente retratada na arte, e teve grande influência na literatura e poesia.
A história da queda de Adão é comumente considerada uma alegoria. Não há evidência física de que Adão e Eva tenham existido.
Índice
1 Etimologia
2 Narrativa da Bíblia Hebraica
2.1 Narrativa da Criação
2.2 A Queda
2.2.1 Expulsão do Éden
2.3 Descendentes
3 Tradições Abraâmicas
3.1 Judaísmo
3.2 Cristianismo
3.3 Islamismo
3.4 Gnoticismo
4 Adão e Eva como parábola
5 Patriarcalismo hebreu
5.1 Eva como metáfora
5.2 Eva e a representação da mulher no cristianismo
6 Historia de Adão e Eva nos apócrifos
7 Historicidade da narrativa de Adão e Eva
8 Notas
9 Referências
10 Ver também
Etimologia |
Adão (hebraico: אָדָם, "Homem"; árabe: آدم; ge'ez: አዳም).
Eva' (hebraico: חַוָּה, Ḥavva, "Vivente"; árabe: حواء, Hawwaa; Ge'ez:( ሕይዋን, Hiywan).
Narrativa da Bíblia Hebraica |
Nos 11 primeiros capítulos do Gênesis, é contada a história mítica dos primeiros anos de existência do mundo. A história conta que Deus criou o mundo e todos seus seres, e colocou o primeiro homem e mulher no Jardim do Éden, sobre como foram banidos da presença de Deus, como ocorreu o primeiro assassinato, e a decisão de Deus de destruir o mundo e salvar apenas Noé e seus filhos; a nova humanidade descendeu desses filhos e se espalhou pelo mundo. Apesar do novo mundo ser tão pecaminoso quanto o antigo, Deus resolveu nunca mais destruir o mundo por inundação, e a História acaba com Terá, pai de Abraão, do qual descendeu o povo escolhido, os Israelitas.[4]
Narrativa da Criação |
Adão e Eva são o primeiro homem e mulher da Bíblia.[5][6] O nome de Adão aparece primeiro em Gênesis 1, em um sentido coletivo, como humanidade. Em Gênesis 2-3 ele carrega o artigo definido ha, indicando que esse é "o homem"[5]. Nesses capítulos Deus molda "o homem" (ha adam) do barro (adamah), soprando vida em suas narinas, e fazendo-o o cuidador de sua criação.[5] Deus então cria para o homem uma ezer kenegdo, uma "uma ajudante consoante a ele", da sua costela.[6] Ela é chamada de ishsha, "mulher", porque, diz o texto, ela é formada de ish, "homem".[6] O homem então a recebe feliz, e ao leitor é dito que nesse momento o homem deixa seus pais para se ligar a uma mulher, tornando-se uma só carne.[6]
A Queda |
Ver artigo principal: Queda do homem
O primeiro homem e mulher estão no Jardim do Éden, de Deus, onde toda criação é vegetariana e não há violência. [carece de fontes]A eles é permitido comer de todas árvores, exceto uma, a árvore do conhecimento do bem e do mal.
Expulsão do Éden |
A história continua em Gênesis 3 com a narrativa da expulsão do Éden. A mulher é tentada por uma serpente falante a comer o fruto proibido, e dá para o homem, que também come.[6] Deus amaldiçoa os três, o homem a uma vida de trabalho duro seguida de morte, a mulher à dor do parto e à subordinação ao marido, e a serpente a rastejar-se sobre sua barriga e sofrer o ódio do homem e da mulher.[6] Deus então cria roupas para o homem e a mulher, que agora tem o aspecto quase divino de conhecer o bem e o mal, e então os bane do jardim antes de serem capazes de comer o fruto da segunda árvore, a árvore da vida, e viver para sempre.[7]
Descendentes |
Gênesis 4 conta a história fora do jardim, incluindo o nascimento dos primeiros filhos de Adão e Eva, Caim e Abel, e a história do primeiro assassinato. O terceiro filho, Sete, nasce, assim como "outros filhos e filhas" (Genesis 5:4:HE). Genesis 5 lista os descendentes de Adão, de Sete a Noé, com as idades que tinham no nascimento de seus primogênitos, e as idades de suas mortes. A idade de Adão é dada como 930 anos. De acordo com o Livro dos Jubileus, Caim casou-se com sua irmã Awan.[8]
Tradições Abraâmicas |
Judaísmo |
No Judaísmo antigo, haviam duas narrativas distintas sobre a criação do homem. A primeira afirma, "Homem e mulher, Ele criou", implicando a criação simultânea de Adão e Eva. Na segunda narrativa Eva é criada depois de Adão. O Midrash Rabá (Genesis 8:1) reconcilia ambas as narrativas, dizendo que "Homem e mulher, Ele criou", indicando que Deus originalmente criou Adão como hermafrodita,[9] fisicamente e espiritualmente tanto homem quanto mulher, ao mesmo tempo, antes de separá-lo nos seres que seriam Adão e Eva.[10]
Rashi, o mais influente dos intérpretes judeus, disse que Deus criou Adão "com duas faces, depois separou-as". Como o comentário de Rashi, escrito na Idade Média, era considerado indistinguível da Torá por muitos judeus, essa ideia foi aceita por séculos. [11]
Na crença judaica tradicional, Adão e Eva estão enterrados na na caverna de Maquepelá, em Hebrom.[12]
Nas lendas rabínicas, Lilith é a primeira esposa de Adão, ela assertivamente reivindica a igualdade com seu parceiro (especificamente, ela também deseja estar no topo). Lilith é despachada do jardim e uma esposa mais complacente, Eva, toma seu lugar. Depois disso Lilith é marginalizada e silenciada: difamada, ela se torna conhecida como uma ameaça às mães jovens, uma sequestradora demoníaca de bebês recém-nascidos.[13][14][11]
Cristianismo |
Ver artigos principais: Queda do homem e Pecado original
Alguns papas acusavam Eva como responsável pela queda do homem, e portanto também todas as mulheres, por ter tentado Adão a cometer o tabu. "Vocês são a porta do diabo", Tertuliano dizia a suas leitoras, e ainda explicava que eram também responsáveis pela morte de Cristo: "Por causa de sua desertação [i.e. um pecado punível por morte], até o Filho de Deus teve que morrer."[15] Em 1486 os Dominicanos Kramer e Sprengler usaram argumentos semelhantes no Malleus Maleficarum ("Martelo de Bruxas") para justificar a perseguição de "bruxas".
A arte Cristã Medieval frequentemente retratava a Serpente Edênica como mulher (muitas vezes identificada como Lilith), portanto enfatizando tanto o charme da serpente quanto sua relação com Eva. Muitos dos primeiros Santos Padres, incluindo Clemente de Alexandria e Eusébio de Cesareia, interpretavam a palavra hebraica "Heva" não como o nome de Eva, e sim como "serpente fêmea".
Baseando-se na doutrina cristã da queda do homem, veio a doutrina do pecado original. Santo Agostinho de Hipona (354–430), trabalhando em uma tradução em Latim da Epístola aos Romanos, interpretou que o apóstolo Paulo teria dito que o pecado de Adão seria hereditário: "A Morte passou [i.e. espalhou-se para] todos homem por causa de Adão, todos pecaram", Romanos 5:12.[16]
O pecado original tornou-se o conceito de que o homem nasce na condução pecaminosa e deve esperar a redenção. Essa doutrina é um pilar da tradição teológica do Cristianismo Ocidental, no entanto não é partilhado pelo Judaísmo ou por igrejas ortodoxas.
Ao decorrer dos séculos, o sistema único de crenças cristãs desenvolveu-se dessas doutrinas. O Batismo foi entendido como a limpeza da mancha hereditária do pecado em muitas igrejas, apesar de o simbolismo original ser o renascimento. Ainda mais, a serpente que tentou Eva foi interpretada como tendo sido Satã, ou que Satã comandava a serpente, apesar de não haver nenhuma menção no Torá e não ser uma noção presente no Judaismo.
Protestantes Conservativos tipicamente interpretam Gênesis 3 como definindo os pais originais da humanidade como Adão e Eva, que desobedeceram a primeira instrução de Deus de que não comecem o "fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal". Quando desobedeceram, cometeram uma tremenda transgressão contra Deus e foram imediatamente punidos, o que então levou a queda da humanidade. Então, pecado e morte entrou no universo pela primeira vez. Adão e Eva foram expulsos do Jardim do Éden, proibidos de voltar.[17]
Islamismo |
No Islamismo, Adão (Ādam; em árabe: آدم), cujo papel é de pai da humanidade, é reverenciado pelos Muçulmanos. Eva (Ḥawwāʼ; árabe: حواء ) é a "mãe da humanidade".[18] A criação de Adão e Eva é referenciada n'Alcorão.[19]
No al-Qummi do tafsir[necessário esclarecer]sobre Jardim do Éden, tal lugar não seria inteiramente mundano. De acordo com oAlcorão, tanto Adão quanto Eva comeram a fruta proibida, em um Éden Celeste. Como resultado, ambos foram mandados para a Terra por representantes de Deus. Cada um enviado para o topo de uma montanha: Adão sobre al-Safa, e Eva sobre al-Marwah. Na tradição islâmica, Adão chorou por 40 dias até finalmente se arrepender. Em seguida Deus enviou-o a Pedra Negra, ensinando-o o Hajj. De acordo com o Hádice, Adão e eva se reuniram no plano de "Arafat, próximo a Mecca.[20] Tiveram dois filhos juntos, Qabil and Habil. Há também a lenda de um filho mais novo, chamado Rocail, que teria criado o palácio e sepulco contendo estátuas autônomas que viveram as vidas de homens tão realisticamente, que enganou-se que possuíssem almas.[21]
O conceito de "pecado original" não existe no Islamismo, porque de acordo com o Islamismo Adão e Eva foram perdoados por Deus. Quando Deus ordenou que anjos se curvassem frente a Adão, Iblīs questionou, "Por que devo curvar-me perante um homem? Eu sou feito de fogo puro e ele é feito de barro."[22] Os movimentos liberais dentro do Islamismo veem o comando Deus de anjos se curvarem perante Adão como uma exaltação da humanidade, que daria suporte aos direitos humanos; outros veem esse ato como mostrando a Adão que o maior inimigo da humanidade seria seu ego.[23]
Gnoticismo |
No Gnoticismo Cristão falou-se de Adão e Eva em dois textos ainda existentes, o ''Apocalipse de Adão'', encontrado nos documentos de Nag Hammadi e o ''Testamento de Adão''. A criação de Adão como Protoanthropos, o homem original, é o foco desses textos.
Outras tradição gnóstica afirma que Adão e Eva foram criados para ajudar na derrota de Satanás. A serpente, ao invés de ser identificada como Satanás, é visto como o herói pelos Ofitas. Outros gnósticos acreditavam ainda que a queda de Satanás após a criação da humanidade. Assim como na tradição islâmica, nessa história Satanás, por conta de seu orgulho, se nega a curvar-se diante de Adão. Satanás afirma que Adão é inferior a ele, pois enquanto ele é feito de fogo, Adão é feito de barro. Essa recusa leva a quede de Satanás, conforme documentos como o Livro de Enoque.
Adão e Eva como parábola |
O padre Ariel Álvarez Valdez sustenta que trata-se de uma parábola composta por um catequista hebreu, a quem os estudiosos chamam de “yahvista”, escrita no século X a.C., que não pretendia dar uma explicação científica sobre a origem do homem, mas sim fornecer uma interpretação religiosa, e elegeu esta narração na qual cada um dos detalhes tem uma mensagem religiosa, segundo a mentalidade daquela época.[24]
Ilia Delio, teóloga americana, sustenta que a teologia pode “tirar proveito” das aquisições de uma ciência que vê na “mutação” o núcleo essencial da matéria.
O rabino Nilton Bonder sustenta que "a Bíblia não tem pretensões de ser um manual eterno da ciência, e sim da consciência. Sua grande revelação não é como funciona o Universo e a realidade, mas como se dá a interação entre criatura e Criador".
Patriarcalismo hebreu |
Eva como metáfora |
Segundo Joseph Campbell a "metade da população mundial acha que as metáforas das suas tradições religiosas são fatos. A outra metade afirma que não são fatos de forma alguma. O resultado é que temos indivíduos que se consideram fiéis porque aceitam as metáforas como fatos, e outros que se julgam ateus porque acham que as metáforas religiosas são mentiras".[25] Uma dessas grandes metáforas é a de Eva. Campbell expõe que o Cristianismo, originalmente uma seita do judaísmo, abraçou a cultura e a história pagã e a metáfora da costela de Adão exemplifica o distanciamento dos hebreus da religião cultuada entre os antigos —o do culto à Mãe Terra, Mãe Cósmica ou Deusa mãe.[26] No entanto, ao revelarmos a etimologia de Adão, observa-se que este culto insere-se dentro de um contexto social e religioso cujas raízes remontam aos registros pré-históricos do Paleolítico ou ainda a uma fase informe do mundo; portanto a Bíblia apresentaria uma arqueologia que retrata não só a Pré-História mas também as primeiras manifestações da religião a qual posteriormente formalmente se opôs, o paganismo e o culto à Deusa-mãe.
A arqueologia pré-histórica e a mitologia pagã registram esta origem do culto à Deusa mãe na medida em que as mais remotas descobertas de uma religião humana remontam, inicialmente, ao culto aos mortos, e ao intenso culto da cor vermelha (barro ou terra, 'de onde tudo nascia') ou ocre associado ao 'sangue menstrual'. Na mitologia grega, a chamada mãe de todos os deuses, a deusa Reia (ou Cibele, entre os romanos), exprime este culto na própria etimologia: reia significa terra ou fluxo.[27] Campbell argumenta que Adão foi criado a partir do barro vermelho ou argila, ou terra (adamá ou adão, seu próprio nome revela a origem divina na Deusa), que por sua vez se misturava com o sangue menstrual.[28]
A identidade da religião com a Mãe Terra, a fertilidade, a origem da vida e da manutenção da mesma com a mulher, seria, segundo Campbell, retratada também na Bíblia: …a santidade da terra, em si, porque ela é o corpo da Deusa. Ao criar, Jeová cria o homem a partir da terra, do barro, e sopra vida no corpo já formado. Ele próprio não está ali, presente, nessa forma. Mas a Deusa está ali dentro, assim como continua aqui fora. O corpo de cada um é feito do corpo dela. Nessas mitologias dá se o reconhecimento dessa espécie de identidade universal.[29]
Segundo Campbell, o patriarcalismo surgido com os hebreus deve-se, entre outras razões, à atividade belicosa de pastoreio de gado bovino e caprino e às constantes perseguições religiosas que desencadeavam o nomadismo e a perda de identidade territorial.[30] Patriarcado é uma palavra derivada do grego pater, e se refere a um território ou jurisdição governado por um patriarca; de onde a palavra pátria. Pátria relaciona-se ao conceito de país, do italiano paese, por sua vez originário do latim pagus, aldeia, donde também vem pagão. Pátria, patriarcado e pagão tem a mesma raiz.
Eva e a representação da mulher no cristianismo |
Ver artigo principal: Mulher e religião
Devido ao fato de Eva ter partilhado com Adão o fruto da árvore proibida, justificou-se por longos anos no cristianismo e no judaísmo uma suposta inferioridade da mulher. Principalmente porque, após o pecado original, Deus disse que a mulher seria governada pelo marido. Embora haja poucas informações na Bíblia sobre a vida da personagem Eva, é a mulher quem se faz presente na maioria dos diálogos do livro de Gênesis sobre a vida do primeiro casal da humanidade.
Após ser expulsa do Paraíso, Eva demonstra fé e gratidão a Deus nas palavras proferidas na ocasião do nascimento do primeiro e do terceiro filho. Assim, quando Caim nasce, Eva diz: Recebi do SENHOR um varão. (Gênesis 4:1)
As palavras de Eva, proferidas com o nascimento de Sete, demonstram fé e esperança, enquadrando a mulher no papel de companheira auxiliadora do homem, que estabelece um relacionamento de proximidade com Deus.
Historia de Adão e Eva nos apócrifos |
Ver artigo principal: Bereshit (בראשית)
De acordo com o Livro dos Jubileus, Adão e Eva teriam passado sete anos no Paraíso, antes de serem tentados pela serpente, e expulsos do Éden. E de acordo com O Primeiro Livro de Adão e Eva, uma obra extracanônica do século XI, eles quando saíram do jardim, receberam a ordem de habitarem numa caverna, que foi chamada de A Caverna dos Tesouros. O livro diz que eles sofreram muito após terem saído do jardim, principalmente no primeiro ano após a expulsão; por várias vezes tentaram cometer suicídio ou retornar ao Paraíso, até que tiveram os primeiros filhos (Caim, Abel e suas irmãs - não mencionadas na Bíblia).
Conforme O Primeiro Livro de Adão e Eva, o casal teria se arrependido amargamente, e alcançado perdão; e por várias vezes receberam de Deus a promessa de um resgate, de um redentor que nasceria na semente humana, para resgatar sua descendência, e essas promessas os consolavam.
Enfrentaram a hostilidade de Satã, que tentava matá-los, e os enganava transformando-se em anjo de luz, e dizendo-lhes ser um mensageiro celestial, incumbido de lhes trazer mensagens divinas. Mesmo estando fora do jardim, Adão e Eva ouviam a voz de Deus, que sempre lhes enviava sua palavra, respondendo suas indagações. Os apócrifos Vida de Adão e Eva e O Segundo Livro de Adão e Eva, dizem que o patriarca Adão morreu primeiro do que Eva, que continuou viva após a morte do primeiro homem. E o Livro "A História do Universo", diz que o jovem casal era perfeito em beleza e formosura.
Bar Hebreu, em sua Cronografia, sumariza várias informações sobre Adão e Eva: Adão foi criado em uma sexta-feira, no sexto dia do mês Nisã, o primeiro mês do primeiro ano de existência do mundo. Citando Aniano, que se baseou no Livro de Enoque, Caim nasceu setenta anos após a expulsão do paraíso, Abel sete (ou setenta) anos após Caim, Abel foi morto com cinquenta e três anos e Sete nasceu cem anos depois (pois Adão e Eva passaram cem anos de luto).[nota 1] Citando Metódio, Caim e sua irmã Clímia nasceram trinta (ou três) anos após a expulsão do paraíso, Abel e sua irmã Labuda trinta anos após Caim, Abel foi morto quando Adão tinha cento e trinta anos, e Sete nasceu quando Adão tinha duzentos e trinta anos.
Historicidade da narrativa de Adão e Eva |
Enquanto uma visão tradicional é de que o Livro de Gênesis foi escrito por Moisés, os estudiosos modernos consideram a narrativa da criação de Gênesis como um dos vários mitos de origem antiga.[31][32]
Análise da hipótese documental também sugere que o texto é resultado da compilação de múltiplas tradições anteriores, como a Gênesis de Eridu,[33] escrita em sumério, datada em cerca de 1600 A.C,[33] explicando aparentes contradições.[34][35] Outras histórias do mesmo livro canônico, como a narrativa da inundação do Gênesis, também são entendidas como tendo sido influenciadas por literatura mais antiga, com paralelos no épico mais antigo de Gilgamesh.
Com os desenvolvimentos científicos em paleontologia, geologia, biologia e outras disciplinas, descobriu-se que os seres humanos e todos os outros seres vivos compartilham um antepassado comum e evoluíram através de processos naturais, com formas de vida anteriores voltando a bilhões de anos.[36][37] A arqueologia, paleontologia e antropologia, estabelecem o aparecimento do Homo sapiens sapiens (o homem moderno) a partir de outras espécies de hominídeos, há cerca de 100 mil anos, num período geológico muito recente, a partir da África, no Vale de Omo, no Sudoeste da Etiópia.[38]
Na biologia, os antepassados comuns mais recentes da espécie Homo sapiens, quando rastreados usando o cromossomo Y para a linhagem masculina e o DNA mitocondrial para outra linhagem, feminina, são comumente chamados de Adão cromossomial-Y e Eva Mitocondrial, respectivamente. Estes não foram um único casal na mesma época, mesmo que os nomes fossem emprestados do Tanakh.[39][40]
Sabe-se da possível existência desta Eva mitocondrial por causa das mitocôndrias (um organelo presente no interior de células eucarióticas) que só passam da mãe para a prole, por estar presente no óvulos mas ausente nos espermatozoides. Cada mitocôndria contém DNA mitocondrial e a comparação das sequências deste DNA revela uma filogenia molecular. Assim, essa análise indicaria que todas as linhas maternas convergem em um ponto em que todas as filhas que tiveram descendentes atuais compartilham o mesmo antepassado; Isso aconteceu entre 170.000 e 100.000 anos atrás,[41] após o surgimento do Homo sapiens, mas antes da recente dispersão para fora da África.
Notas
↑ Aniano, citado por Bar Hebreu, Cronografia, Os Patriarcas, de Adão a Moisés, A primeira série de gerações, que começou com os Patriarcas', 1.3.2'
Referências
↑ Womack, Mari. Symbols and Meaning: A Concise Introduction. Walnut Creek ... [et al.]: Altamira Press. p. 81. ISBN 0759103224. Consultado em 16 de Agosto de 2013.Creation myths are symbolic stories describing how the universe and its inhabitants came to be. Creation myths develop through oral traditions and therefore typically have multiple versions.
↑ Leeming, David (2010). Creation Myths of the World: Parts I-II. [S.l.: s.n.] p. 303
↑ Azra, Azyumardi (2009). «Chapter 14. Trialogue of Abrahamic Faiths: Towards an Alliance of Civilizations». In: Ma'oz, Moshe. The Meeting of Civilizations: Muslim, Christian, and Jewish. Eastbourne: Sussex Academic Press. pp. 220–229. ISBN 978-1-845-19395-9. ISBN 1-84519395-4
↑ Blenkinsopp 2011, p. 1.
↑ abc Hearne 1990, p. 9.
↑ abcdef Galambush 2000, p. 436.
↑ Alter 2008, p. 27-28.
↑ Betsy Halpern Amaru (1999). The Empowerment of Women in the Book of Jubilees, p. 17.
↑ Howard Schwartz (setembro de 2004). Tree of Souls: The Mythology of Judaism: The Mythology of Judaism. [S.l.: s.n.] p. 138. ISBN 0195086791. Consultado em 27 de dezembro de 2014.The myth of Adam the Hermaphrodite grows out of three biblical verses
↑ Byron L. Sherwin (2006). Kabbalah: An Introduction to Jewish Mysticism. [S.l.]: Rowman & Littlefield. p. 80. ISBN 978-0-7425-4364-5
↑ ab Bruce Feiler (11 de abril de 2019). Adão e Eva, a primeira história de amor: E o que eles podem nos ensinar sobre relacionamentos. [S.l.]: Zahar. p. 203. ISBN 978-85-378-1830-5
↑ Howard Schwartz (27 de dezembro de 2006). Tree of Souls: The Mythology of Judaism. [S.l.]: Oxford University Press. p. 344. ISBN 978-0-19-532713-7
↑ Riv-Ellen Prell (2007). Women Remaking American Judaism. [S.l.]: Wayne State University Press. p. 260. ISBN 0-8143-3280-3
↑ Heinrich Krauss (2006). O paraíso: de Adão e Eva às utopias contemporâneas. [S.l.]: Ed. Globo. p. 87. ISBN 978-85-250-4133-3
↑ «Tertullian, "De Cultu Feminarum", Book I Chapter I, ''Modesty in Apparel Becoming to Women in Memory of the Introduction of Sin Through a Woman'' (in "The Ante-Nicene Fathers")». Tertullian.org. Consultado em 17 de fevereiro de 2014
↑ Fox, Robin Lane (2006) [1991]. The Unauthorized Version: Truth and Fiction in the Bible. [S.l.]: Penguin Books Limited. pp. 15–27. ISBN 9780141925752
↑ Robinson, B.A. "Salvation: Teachings by Southern Baptists and other conservative Protestant denominations". Ontario Consultants on Religious Tolerance, 2010. Accessed 2 Feb 2013
↑ Historical Dictionary of Prophets in Islam and Judaism, Wheeler, "Adam and Eve"
↑ Alcorão 4:1:O mankind! Be dutiful to your Lord, Who created you from a single person (Adam), and from him (Adam) He created his wife Hawwa (Eve), and from them both He created many men and women;
↑ Mecca and Eden: Ritual, Relics, and Territory in Islam – Brannon M. Wheeler – Google Books. [S.l.]: Books.google.com.qa. Julho de 2006. ISBN 9780226888040. Consultado em 17 de fevereiro de 2014
↑ William Godwin (1876). «Lives of the Necromancers»
↑ Alcorão 7:12
↑ Javed Ahmed Ghamidi, Mizan. Lahore: Dar al-Ishraq, 2001
↑ Álvarez Valdez, P. Ariel (19 de março de 2008). «Adão e Eva: origem ou parábola?». amaivos.uol.com.br. AMAIVOS. Consultado em 4 de fevereiro de 2018
↑ Curvêlo Chaves, Lázaro (9 de novembro de 2006). «Uma resenha do livro "Tu és Isso: Transformando a Metáfora Religiosa" de Joseph Campbell». www.duplipensar.net. Duplipensar.Net. Consultado em 31 de janeiro de 2017. Arquivado do original em 28 de abril de 2007
↑ Bonanno, Anthony (1 de janeiro de 1986). Archaeology and Fertility Cult in the Ancient Mediterranean: Papers Presented at the First International Conference on Archaeology of the Ancient Mediterranean, University of Malta, 2-5 September 1985 (em inglês). [S.l.]: John Benjamins Publishing. ISBN 9060322886
↑ «RHEA (Rheia) - Greek Mother of the Gods, Queen of the Titans (Roman Ops)». www.theoi.com (em inglês). Theoi. Consultado em 31 de janeiro de 2017
↑ Johnson, Buffie (1 de novembro de 1994). Lady of the Beasts: The Goddess and Her Sacred Animals (em inglês). [S.l.]: Inner Traditions / Bear & Co. ISBN 9780892815234
↑ Campbell, Joseph (1 de janeiro de 2005). As máscaras de Deus: mitologia primitiva. [S.l.]: Palas Athena. ISBN 9788572420518
↑ NUNES, CESAR APARECIDO (1 de janeiro de 2003). Desvendando a Sexualidade. [S.l.]: Papirus Editora. ISBN 9788530804893
↑ Van Seters, John (1998). «The Pentateuch». In: Steven L. McKenzie, Matt Patrick Graham. The Hebrew Bible Today: An Introduction to Critical Issues. [S.l.]: Westminster John Knox Press. p. 5. ISBN 9780664256524
↑ Davies, G.I (1998). «Introduction to the Pentateuch». In: John Barton. Oxford Bible Commentary. [S.l.]: Oxford University Press. p. 37. ISBN 9780198755005
↑ ab Thorkild Jacobsen (1994). Hess, Richard S.; Tsumuro, David Toshio, eds. I Studied Inscriptions from Before the Flood: Ancient Near Eastern Literary and Linguistic Approaches to Genesis. [S.l.]: Eisenbraun's. p. 129. ISBN 978-0931464881. Consultado em 30 de julho de 2015
↑ Gooder, Paula (2000). The Pentateuch: A Story of Beginnings. [S.l.]: T&T Clark. pp. 12–14. ISBN 9780567084187
↑ Van Seters, John (2004). The Pentateuch: A Social-science Commentary. [S.l.]: Continuum International Publishing Group. pp. 30–86. ISBN 9780567080882
↑ Kampourakis, Kostas (2014). Understanding Evolution. Cambridge; New York: Cambridge University Press. pp. 127–129. ISBN 978-1-107-03491-4. LCCN 2013034917. OCLC 855585457
↑ Schopf, J. William; Kudryavtsev, Anatoliy B.; Czaja, Andrew D.; Tripathi, Abhishek B. (5 de outubro de 2007). «Evidence of Archean life: Stromatolites and microfossils». Amsterdam, the Netherlands: Elsevier. Precambrian Research. 158 (3–4): 141–155. Bibcode:2007PreR..158..141S. ISSN 0301-9268. doi:10.1016/j.precamres.2007.04.009|acessodata=
requer|url=
(ajuda)
↑ «Human Evolution by The Smithsonian Institution's Human Origins Program». Human Origins Initiative. Smithsonian Institution
↑ Takahata, N (Janeiro de 1993). «Allelic genealogy and human evolution». Mol. Biol. Evol. 10 (1): 2–22. PMID 8450756
↑ Karmin; et al. (2015). «A recent bottleneck of Y chromosome diversity coincides with a global change in culture». Genome Research. 25 (4): 459–66. PMC 4381518. PMID 25770088. doi:10.1101/gr.186684.114 !CS1 manut: Uso explícito de et al. (link) "we date the Y-chromosomal most recent common ancestor (MRCA) in Africa at 254 (95% CI 192–307) kya and detect a cluster of major non-African founder haplogroups in a narrow time interval at 47–52 kya, consistent with a rapid initial colonization model of Eurasia and Oceania after the out-of-Africa bottleneck. In contrast to demographic reconstructions based on mtDNA, we infer a second strong bottleneck in Y-chromosome lineages dating to the last 10 ky. We hypothesize that this bottleneck is caused by cultural changes affecting variance of reproductive success among males."
↑ Heinz, Tanja; et al. (2017). «Updating the African human mitochondrial DNA tree: Relevance to forensic and population genetics». Forensic Science International: Genetics. 27: 156-159. Consultado em 3 de outubro de 2017 !CS1 manut: Uso explícito de et al. (link).
Poznik GD, Henn BM, Yee MC, Sliwerska E, Euskirchen GM, Lin AA, Snyder M, Quintana-Murci L, Kidd JM, Underhill PA, Bustamante CD (agosto de 2013). «Sequencing Y chromosomes resolves discrepancy in time to common ancestor of males versus females». Science. 341 (6145): 562–65. PMC 4032117. PMID 23908239. doi:10.1126/science.1237619 .
Fu Q, Mittnik A, Johnson PL, Bos K, Lari M, Bollongino R, Sun C, Giemsch L, Schmitz R, Burger J, Ronchitelli AM, Martini F, Cremonesi RG, Svoboda J, Bauer P, Caramelli D, Castellano S, Reich D, Pääbo S, Krause J (21 de março de 2013). «A revised timescale for human evolution based on ancient mitochondrial genomes». Current Biology. 23 (7): 553–59. PMC 5036973. PMID 23523248. doi:10.1016/j.cub.2013.02.044 .
Soares et al. (2009) give a somewhat earlier, just barely overlapping 95% confideince interval of 150,000 to 234,000 years ago.
Ver também |
- Eva mitocondrial
- Bereshit
- Izanami
- Naturismo cristão
2O 8rB85z