Eça de Queiroz
Eça de Queiroz | |
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Nome completo | José Maria de Eça de Queiroz |
Nascimento | 25 de novembro de 1845 Póvoa de Varzim, Reino de Portugal e dos Algarves (hoje Portugal) |
Morte | 16 de agosto de 1900 (54 anos) Neuilly-sur-Seine, França |
Nacionalidade | Português |
Cônjuge | D. Emília de Castro (4 filhos) |
Ocupação | Diplomata e romancista, contista |
Magnum opus | Os Maias |
Escola/tradição | Romantismo, realismo |
Movimento estético | Geração de 70 |
Assinatura | |
José Maria de Eça de Queiroz[1] (Póvoa de Varzim, 25 de novembro de 1845 — Neuilly-sur-Seine, 16 de agosto de 1900) foi um escritor e diplomata português. É considerado um dos mais importantes escritores portugueses da história. Foi autor de romances de reconhecida importância, de Os Maias e O Crime do Padre Amaro; o primeiro é considerado por muitos o melhor romance realista português do século XIX.[2]
Índice
1 Biografia
1.1 Cronologia sumária
2 Obras
3 Obras traduzidas
4 Referências
5 Fontes para a biografia
6 Ver também
7 Ligações externas
Biografia
José Maria de Eça de Queiroz nasceu em 25 de novembro de 1845, numa casa da Praça do Almada na Póvoa de Varzim, no então número 1 ao 3 do Largo de São Sebastião (hoje Largo Eça de Queiroz), no centro da cidade, em casa de um parente de sua mãe, Francisco Augusto Pereira Soromenho, um dos funcionários aduaneiros da Póvoa de Varzim. Dado os seus pais não serem então casados, considerado indecente em meados do século XIX e este parente de certo relevo local, chefe da alfândega local, este preferiu que o batismo fosse realizado na Igreja Matriz de Vila do Conde, em vez da matriz local, muito próxima à casa, e fosse ocultado o nome da mãe.[3]
Eça era filho de José Maria Teixeira de Queiroz, nascido no Rio de Janeiro em 1820 e delegado do procurador régio em Viana do Castelo, e de Carolina Augusta Pereira d'Eça, nascida em Monção em 1827. O casamento ocorreu posteriormente ao nascimento. O pai de Eça de Queiroz, magistrado e par do reino, convivia regularmente com Camilo Castelo Branco, quando este vinha à Póvoa para se divertir no Largo do Café Chinês. Uma das teses para tentar justificar o facto de os pais do escritor não se terem casado antes do seu nascimento sustenta que Carolina Augusta Pereira de Eça não teria obtido o necessário consentimento da parte de sua mãe, já viúva do coronel José Pereira de Eça. De facto, seis dias após a morte da avó que a isso se oporia, casaram-se os pais de Eça de Queiroz, quando o menino tinha quase quatro anos.
O pai era magistrado, formado em Direito por Coimbra.[2] Foi juiz instrutor do célebre processo de Camilo Castelo Branco, juiz da Relação e do Supremo Tribunal de Justiça, presidente do Tribunal do Comércio, deputado por Aveiro, fidalgo cavaleiro da Casa Real, par do Reino e do Conselho de Sua Majestade.[4] Foi ainda escritor e poeta.
Eça, por sua vez, apresenta episódios incestuosos em criança relatados no diário de sua prima. Por via dessas contingências foi entregue a uma ama, aos cuidados de quem ficou até passar para a casa de Verdemilho em Aradas, Aveiro, a casa da sua avó paterna. Nessa altura, foi internado no Colégio da Lapa, no Porto, de onde saiu em 1861, com dezasseis anos, para a Universidade de Coimbra, onde estudou Direito.[4] Além do escritor, os pais teriam mais seis filhos.
Em Coimbra, Eça foi amigo de Antero de Quental. Os seus primeiros trabalhos, publicados na revista "Gazeta de Portugal", foram depois coligidos em livro, publicado postumamente com o título Prosas Bárbaras. Eça veraneava na Póvoa de Varzim, quando matriculado na Universidade de Coimbra. Sua tia materna, Carlota, arrendava casa na Póvoa, de verão e com ela, além do sobrinho José Maria, iam também os seus quatro filhos, três rapazes e uma rapariga.[5]
Em 1866, Eça de Queiroz terminou a Licenciatura em Direito na Universidade de Coimbra e passou a viver em Lisboa, exercendo a advocacia e o jornalismo. Foi director do periódico O Distrito de Évora e colaborou em publicações periódicas como a Renascença [6] (1878-1879?), A Imprensa [7] (1885-1891), Ribaltas e gambiarras (1881) e postumamente na Revista de turismo [8] iniciada em 1916 e na Feira da Ladra (1929-1943). Porém, continuaria a colaborar esporadicamente em jornais e revistas ocasionalmente durante toda a vida. Mais tarde fundaria a Revista de Portugal.
Em 1869 e 1870, Eça de Queiroz fez uma viagem de seis semanas ao Oriente (de 23 de outubro de 1869 a 3 de janeiro de 1870), em companhia de D. Luís de Castro, 5.º conde de Resende, irmão da sua futura mulher, D. Emília de Castro, tendo assistido no Egito à inauguração do canal do Suez: os jornais do Cairo referem «Le Comte de Rezende, grand amiral de Portugal et chevalier de Queiroz». Visitaram, igualmente, a Palestina. Aproveitou as notas de viagem para alguns dos seus trabalhos, o mais notável dos quais o O Mistério da Estrada de Sintra, em 1870, e A Relíquia, publicado em 1887.[4] Em 1871, foi um dos participantes das chamadas Conferências do Casino.
Em 1870 ingressou na Administração Pública, sendo nomeado administrador do concelho de Leiria. Foi enquanto permaneceu nesta cidade, que Eça de Queiroz escreveu a sua primeira novela realista, O Crime do Padre Amaro, publicada em 1875.
Tendo ingressado na carreira diplomática, em 1873 foi nomeado cônsul de Portugal em Havana. Os anos mais produtivos de sua carreira literária foram passados em Inglaterra, entre 1874 e 1878, durante os quais exerceu o cargo em Newcastle e Bristol. Escreveu então alguns dos seus trabalhos mais importantes, como A Capital,[4] escrito numa prosa hábil, plena de realismo. Manteve a sua actividade jornalística, publicando esporadicamente no Diário de Notícias, em Lisboa, a rubrica «Cartas de Inglaterra». Mais tarde, em 1888 seria nomeado cônsul em Paris.[2]
Seu último livro foi A Ilustre Casa de Ramires, sobre um fidalgo do século XIX com problemas para se reconciliar com a grandeza de sua linhagem. É um romance imaginativo, entremeado com capítulos de uma aventura de vingança bárbara que se passa no século XII, escrita por Gonçalo Mendes Ramires, o protagonista. Trata-se de uma novela chamada A Torre de D. Ramires, em que antepassados de Gonçalo são retratados como torres de honra sanguínea, que contrastam com a lassidão moral e intelectual do rapaz.
Aos 40 anos casou com Emília de Castro, com quem teve 4 filhos[9]: Alberto (16-4-1894), António (28-12-1889), José Maria (26 -2 -1888) e Maria (16-1-1887)[10].
Morreu em 16 de Agosto de 1900 na sua casa de Neuilly-sur-Seine, perto de Paris. Teve funeral de Estado,[11] foi sepultado em Cemitério dos Prazeres de Lisboa, mas mais tarde foi transladado para o cemitério de Santa Cruz do Douro em Baião.
Foi também o autor da Correspondência de Fradique Mendes e A Capital, obra cuja elaboração foi concluída pelo filho e publicada, postumamente, em 1925. Fradique Mendes, aventureiro fictício imaginado por Eça e Ramalho Ortigão, aparece também no Mistério da Estrada de Sintra. Seus trabalhos foram traduzidos em aproximadamente vinte línguas.
Cronologia sumária
Obras
O Mistério da Estrada de Sintra (1870) (eBook)
O Crime do Padre Amaro (1875) (eBook)
A Tragédia da Rua das Flores (1877-78) (ebook)
O Primo Basílio (1878) (eBook)
O Mandarim (1880) (eBook)
A Relíquia (1887) (eBook)
Os Maias (1888) (eBook)
Uma Campanha Alegre (1890-91)
Correspondência de Fradique Mendes (1900) (eBook)
Dicionário de milagres [12](1900)
A Ilustre Casa de Ramires (1900) (eBook)
A Cidade e as Serras (1901, póstumo) (eBook)
Contos (1902, póstumo) (eBook)
Prosas Bárbaras (1903, póstumo)
Cartas de Inglaterra (1905, póstumo) (eBook)
Ecos de Paris (1905, póstumo)
Cartas familiares e bilhetes de Paris (1907, póstumo)
Notas contemporâneas (1909, póstumo)
Últimas páginas (1912, póstumo)
A Capital (1925, póstumo)
O Conde de Abranhos (1925, póstumo)
Alves & Companhia (1925, póstumo)
Correspondência (1925, póstumo)
O Egito (1926, póstumo)
Cartas inéditas de Fradique Mendes (1929, póstumo)
Eça de Queirós entre os seus - Cartas íntimas (1949, póstumo).
Obras traduzidas
- Obras de Eça de Queiroz traduzidas
As Minas de Salomão (tradução do original inglês de 1885 em folhetins para a Revista de Portugal entre Outubro de 1889 e Junho de 1890[13][14] e publicação em livro em 1891[15][16]) (tradução) (eBook)
As obras de Eça de Queiroz foram traduzidas em cerca de 20 línguas, ultrapassando já os 70 exemplos:
alemão (deutsche Sprache),
basco (euskara),
búlgaro (български език),
castelhano (castellano),
catalão (català),
checo (čeština),
eslovaco (slovenčina),
francês (français),
georgiano (ქართული ენა),
húngaro (magyar nyelv),
inglês (English),
islandês (íslenska),
italiano (lingua italiana),
japonês (日本語),
neerlandês (de Nederlandse taal),
polaco (język polski),
romeno (limba română),
russo (russkiy yazyk) e
sueco (svenska).
Referências
↑ «Eça de Queiroz ou Eça de Queirós? - Pórtico da Língua Portuguesa». porticodalinguaportuguesa.pt. Consultado em 7 de fevereiro de 2016
↑ abc «José Maria Eça de Queirós». UOL - Educação. Consultado em 15 de novembro de 2012
↑ Landolt, Candido (Outubro de 1911). O Meu Pantheon. [S.l.]: Revista Quinzenal "A Póvoa de Varzim"
↑ abcd «Eça de Queirós». R7. Brasil Escola. Consultado em 15 de novembro de 2012
↑ Helena Vaz da Silva. «Roteiro queiroziano». e-Cultura.pt. Consultado em 18 de abril de 2016
↑ Helena Roldão (3 de outubro de 2013). «Ficha histórica: A renascença : orgão dos trabalhos da geração moderna» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 31 de março de 2015
↑ Helena Bruto da Costa (11 de janeiro de 2006). «Ficha histórica:A imprensa : revista scientifica, litteraria e artistica (1885-1891)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 21 de abril de 2015
↑ Jorge Mangorrinha (16 de janeiro de 2012). «Ficha histórica:Revista de Turismo: publicação quinzenal de turismo, propaganda, viagens, navegação, arte e literatura (1916-1924)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 13 de Maio de 2015
↑ Cf. «Filhos de Eça». Centro de Investigação para Tecnologias Interactivas da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
↑ Revista COLÓQUIO/Letras n.º 142 (Out. 1996). Cartas do Pai Eça, pág. 227.
↑ «Sobre o funeral, ver». Esalvide.edu.pt. Consultado em 15 de novembro de 2012
↑ http://www.wook.pt/ficha/dicionario-de-milagres/a/id/14317782
↑ Tradução das Minas de Salomão, Centro de Investigação para Tecnologias, in secção de cultura do sítio do CITI
↑ As Minas de Salomãos, Eça de Queirós (blogue queirosiana.wordpress.com)
↑ As Minas de Salomãos, Eça de Queirós (blogue queirosiana.wordpress.com)
↑ A Escolha do Professor Bibliotecário - HENRY RIDER HAGGARD - EÇA DE QUEIRÓS - AS MINAS DE SALOMÃO in BIBLIOTECA ESCOLA BÁSICA 2,3 EUGÉNIO DOS SANTOS
Fontes para a biografia
- No Centro de Investigação para Tecnologias Interactivas da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, as entradas referentes a Eça de Queiroz, ao seu pai e a sua mãe.
- No site da Fundação Eça de Queiroz, a entrada referente à biografia de Eça.
Biblioteca Nacional de Portugal. Eça de Queiros.- Escola Secundária de Alvide. Hora'EÇA: Um percurso pela vida e obra de Eça de Queiroz.
Vidas Lusófonas. Eça de Queiroz.- MEDINA, João. Eça de Queiroz e o seu tempo. Lisboa: Livros Horizonte, 1972.
SIMÕES, João Gaspar. Eça de Queiroz: o homem e o artista. Lisboa / Rio de Janeiro: Dois Mundos, 1945.
SIMÕES, João Gaspar. Eça de Queiroz. Lisboa: Arcádia, 1961.- VIANNA MOOG Eça de Queiroz e o Século XIX. 5ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966 [1a. ed. de 1936].
Ver também
Santa Cruz do Douro, a "Tormes" queirosiana- Correntes d'Escritas
- Carlos Reis
- Rocha Peixoto
- Obras de Eça de Queiroz traduzidas
Ligações externas
- Commons
- Wikisource
- Wikiquote
Obras de Eça de Queirós no Projecto Gutenberg
Obras de Eça de Queirós na Biblioteca Nacional Digital
Obras de Eça de Queirós em Luso Livros
Fundação Eça de Queirós (contém biografia e bibliografia)- Biografia de Eça de Queirós em "Vidas Lusófonas
- Eça de Queirós - Idealismo e Realismo
- Eça de Queirós - Sobre as crónicas publicadas em Uma Campanha Alegre
A imprensa : revista scientifica, litteraria e artistica (cópia digital)
Ribaltas e gambiarras (cópia digital)
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