Extinção do Permiano-Triássico
A extinção do Permiano-Triássico ou extinção Permo-Triássica, também conhecida como A Grande Agonia, foi uma extinção em massa que ocorreu no final do Paleozoico há cerca de 251 milhões de anos. Foi o evento de extinção mais severo já ocorrido no planeta Terra, resultando na morte de aproximadamente 95% de todas as espécies marinhas e de 70% das espécies sobre continentes. Esse evento foi descrito por D. H. Erwin como "[...] a mãe de todas as extinções em massa."[1]. A extinção provocou uma mudança drástica em todas as faunas e marca a fronteira entre o Permiano e o Triássico.
De fato, o evento de extinção daquelas espécies maravilhosas e estranhas nascidas ou evoluídas desde o Cambriano foi tão grande que alguns ambientes chegaram a ser completamente esterilizados.
Índice
1 Efeitos na biodiversidade
2 Causas
3 Referências
4 Ver também
5 Ligações externas
Efeitos na biodiversidade |
Os principais grupos extintos neste evento foram:
- Trilobitas
- Corais tabulados
- Amonóides goniatídeos
- Ostracodos leperditicopídeos
Euriptéridos, chamados populamente de "escorpiões-marinhos"
Outros grupos que sofreram redução de biodiversidade incluem:
Synapsida, classe de répteis mamaliformes- Briozoários
- Braquiópodes
- Crinóides
Causas |
O caráter drástico deste evento afectou muito as faunas marinhas, mas os grupos de animais e plantas de meio continental foram relativamente um pouco menos afectados. A primeira hipótese, levantada pela ciência, sugere que está nesta diferença entre extinção marinha e terrestre a causa da extinção permo-triássica, ou seja, que esta relacionada com a evolução dos oceanos no final do Paleozoico.
Através de dados geológicos interpretados à luz da teoria da tectónica de placas sabe-se que no Pérmico superior estava em curso a formação de um supercontinente denominado Pangeia. A aglomeração de várias massas continentais na Pangeia causou uma diminuição significativa das linhas de costa e das áreas de ambientes marinhos pouco profundos, onde se encontram habitats muito ricos em termos de biodiversidade. Com o desaparecimento destes habitats, extinguiram-se muitas formas de vida marinha. Aliado a este efeito, há ainda evidências para uma regressão, ou diminuição do nível do mar, acentuada em todas margens da recém-formada Pangeia, o que contribuiu também para esta extinção.
O argumento contra esta hipótese é que, segundo os biólogos, estas mudanças geológicas seriam lentas o suficiente para as formas de vida se adaptarem pelo processo da evolução, e portanto não levaria tantas espécies à extinção.
A teoria mais aceita pela comunidade cientifica actualmente, chama-se Hipótese da arma de clatratos. Ela diz que um tipo de erupção vulcânica gigantesca aconteceu no território da Sibéria[2][3], que libertou grandes quantidades de dióxido de carbono, aumentando o efeito estufa em 5 graus extras na temperatura da Terra. E por consequência disso, ocorreu a sublimação de uma grande quantidade de metano congelado no fundo dos oceanos. A libertação deste metano para a atmosfera causou o aumento em mais 5 graus a temperatura do efeito estufa, somando 10 graus extras a temperatura do mundo. E com isso os únicos lugares onde a vida poderia sobreviver seriam próximos aos Polos geográficos da Terra.
Um estudo mais detalhado realizado por um grupo de geólogos norte-americanos, e publicado em 2017 pela revista Nature, mostra que o fenômeno na verdade é referente a duas erupções em regiões próximas e em datas geologicamente coincidentes. A primeira cobriu a maior parte da Sibéria com derramamentos de magma e deixou traços mais evidentes. A segunda erupção, que ocorreu uns 100 mil anos mais tarde na bacia do rio Tunguska, deixou menos traços visíveis, mas foi esta a que matou a maior parte da vida na Terra. Ao subir à superfície, o magma ia sendo pressionado pelas camadas de sedimentos que tinham ficado da erupção anterior. Como resultado, essa lava se foi acumulando por baixo da superfície terrestre, e foi criando uma espécie de lago subterrâneo 50 vezes maior que o lago Baikal, o maior lago da atualidade. Este lago então aqueceu as camadas sedimentares que tinham se acumulado na erupção anterior, o que durante muito tempo provocou a constante libertação para a atmosfera de enormes quantidades de CO2, metano e outros gases de efeito estufa para a atmosfera. Para os biólogos esta explicação é mais plausível, pois esta mudança rápida de temperatura não poderia ser acompanhada pelo processo evolucionário de adaptação.
Também são levantadas como causas correlacionadas da extinção do Permiano-Triássico a possível queda de asteroides na superfície. Entre os candidatos a causarem cataclismos em épocas paralelas estão a Cratera de Araguainha com 40 Km de diâmetro e 247 milhões de anos; e a Cratera da Terra de Wilkes, com 480 km de diâmetro e 250 milhões de anos. Segundo os cientistas, um desses impactos teria sido tão intenso que causaria a ruptura de um supercontinente, abalos sísmicos e a posterior formação dos oceanos atuais.
Referências
↑ D.H.Erwin (1993). The great Paleozoic crisis; Life and death in the Permian (em inglês) Columbia University Press ed. [S.l.: s.n.] ISBN 0231074670
↑ Pauline Gravel (31 de janeiro de 2011). «Sciences - Le mystère de la grande extinction enfin élucidé» (em francês). Le Devoir
↑ Stephen E. Grasby, Hamed Sanei, Benoit Beauchamp (2011). Catastrophic dispersion of coal fly ash into oceans during the latest Permian extinction (em inglês e francês). 4. [S.l.]: Nature Geoscience. pp. 104–107 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
Ver também |
- Extinção K-T
- Hipótese da arma de clatratos
Ligações externas |
- Documentário "O Dia em que a Terra Quase Morreu" sobre a grande extinção do Permiano em Português