Sincelo (ofício)






Disambig grey.svg Nota: Para o fenômeno meteorológico, veja Sincelo.

Um sincelo (em latim: syncellus; em grego: σύγκελλος; transl.: synkellos , lit. "vivendo na mesma cela"; plural: synkelloi) é um ofício da Igreja Ortodoxa aproximadamente equivalente a um vigário-geral na Igreja Católica. Originalmente o ofício era atribuído a monges e diáconos que viviam nos mesmos aposentos que seus bispos e tinha a função de testemunhar sua pureza e participar de seus exercícios religiosos diários. A partir do século V, na Igreja Oriental, denotou o assessor e confessor dos patriarcas e bispos, adquirindo grande influência sobre eles. No século VI o sincelo adquiriu o direito de apossar-se do trono patriarcal enquanto este se mantivesse vago e no século X tornou-se o sucessor designado para reinar como patriarca.[1] Além disso, também poderiam ter seus próprios assentos e votos em concílios da Igreja[2] e serem enviados em missões políticas importantes.[3] Na Igreja Católica o ofício não tornou-se proeminente e seus titulares mantiveram sua função original. Com o tempo o ofício evoluiu para o consiliarii papales et episcopales (conselheiro espiritual).[4]


Com o tempo os patriarcas começaram a ser assessorados por dois ou mais sincelos, tendo o mais proeminente deles adquirido o título de protossincelo ("primeiro sincelo"; plural: protosynkelloi). Eram nomeados pelo imperador[5] e devido a grande influência que o ofício adquiriu, começou a ser empossado por metropolitas (os bispos urbanos).[1]Constantino Ducas (r. 1074-1078 e 1081-1088), na tentativa de encerrar a confusão entre as dignidades imperiais e as eclesiásticas que estavam minando a autoridade dos imperadores, determinou que os metropolitas não poderiam ser titulares de honrarias imperiais, uma vez que o elevado número de clérigos que ostentaram os títulos de sincelo e protossincelo é um sinal da grande influência da Igreja na corte.[6]


Nos séculos seguintes, além do título de protossincelo, novos títulos foram criados a partir da derivação do ofício: proedro do protossincelo (proedros ton protosynkellon) e grande sincelo (megas synkellos). Devido a propagação destes novos títulos, o ofício de sincelo foi desvalorizado e perdeu seu valor, adquirindo um caráter puramente honorífico. No período Paleólogo o grande sincelo tornou-se o sincelo do patriarca.[7] Atualmente o título mantem-se em uso na Igreja Ortodoxa Grega.[4]



Referências




  1. ab Kazhdan 1991, p. 1993.


  2. Turtledove 1982, p. 99.


  3. Cavallo 1997, p. 212.


  4. ab «Syncelli» (em inglês). Consultado em 18 de fevereiro de 2013 


  5. Rosser 2011, p. 447.


  6. Angold 2000, p. 37.


  7. Kazhdan 1991, p. 1994.



Bibliografia |




  • Angold, Michael (2000). Church and Society in Byzantium Under the Comneni, 1081-1261. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0521269865 


  • Cavallo, Gugliemo (1997). The Byzantines. Chicago, Ilinóis: University of Chicago Press. ISBN 0226097927 


  • Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8 


  • Rosser, John H. (2011). History Dictionary of Byzantium. Lanham, Md: Scarecrow Press. ISBN 0810875675 


  • Turtledove, Harry Norman (1982). The Chronicle of Theophanes: Anni Mundi 6095-6305, A.d. 602-813. Filadélfia, Pensilvânia: University of Pennsylvania Press. ISBN 0812211286 







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