Cangaço





Disambig grey.svg Nota: Se procura pelo(a) por algum dos filmes sobre o Cangaço, veja O Cangaceiro.




Virgulino Ferreira da Silva, vulgo "Lampião", considerado o Rei do Cangaço, por ser o mais bem sucedido bandoleiro do nordeste.




Lampião e seu bando fotografados em Limoeiro do norte após ataque à cidade de Mossoró em 1927.


O Cangaço foi um fenômeno do banditismo brasileiro ocorrido no nordeste do país em que os membros do grupo vagavam pelas cidades em busca de justiça e vingança pela falta de emprego, alimento e cidadania, causando o desordenamento da rotina dos camponeses.[1][2] Um dos principais líderes do cangaço foi o "Capitão" Lampião (Virgulino Ferreira da Silva), cujo título fictício de capitão surgiu de uma promessa não cumprida do governo do Ceará de integrar o seu bando aos batalhões patrióticos da Guarda Nacional caso Lampião e seus homens conseguissem deter o avanço da coluna Prestes na cidade de Juazeiro do Norte.[3] O termo cangaço vem da palavra canga (peça de madeira usada para prender junta de bois a carro ou arado; jugo).




Índice






  • 1 Origem da palavra


  • 2 Divisão


  • 3 Lampião


  • 4 História do cangaço


  • 5 Coiteiros


  • 6 Volantes e macacos


  • 7 Estilo cangaceiro


  • 8 Armas do cangaceiro


  • 9 Cangaço na cultura popular


    • 9.1 Literatura de cordel


    • 9.2 Livros


    • 9.3 Filmes


    • 9.4 Histórias em quadrinhos




  • 10 Fim do cangaço


  • 11 Cangaceiros ilustres


  • 12 Ver também


  • 13 Referências


  • 14 Ligações externas





Origem da palavra |


Por volta de 1834, o termo cangaceiro já foi usado para se referir a bandos de camponeses pobres que habitavam os desertos do nordeste brasileiro, vestindo roupas de couro e chapéus, carregando carabinas, revólveres, espingardas e facas longas estreitas conhecidos como peixeiras .


"Cangaceiro" era uma expressão pejorativa, ou seja, uma pessoa que não podia adaptar-se ao estilo de vida costeira.


Por esta altura naquela região, havia dois principais grupos de bandidos armados frouxamente organizados: os jagunços , mercenários que trabalhavam para quem pagou o seu preço, geralmente proprietários de terras que queriam proteger ou expandir seus limites territoriais e também lidar com os trabalhadores rurais; e os cangaceiros, "bandidos sociais", que tinham algum nível de apoio da população mais pobre: ​​os bandidos sustentando alguns comportamentos benéficos, como atos de caridade, a compra de bens por preços mais altos e dando às partes livres ("Bailes"), e a população forneceu abrigo e as informações que os ajudou a escapar das forças policiais, conhecidos como volantes , enviados pelo governo para detê-los.



Divisão |




Bando de Virgínio Fortunato da Silva, vulgo "Moderno", em 1936.




Bando de Lampião, junto do fotógrafo Benjamin Abrahão Botto.


O Cangaço pode ser dividido em três subgrupos: os que prestavam serviços caracterizados para os latifundiários; os "satisfatórios", expressão de poder dos grandes fazendeiros; e os cangaceiros independentes, com características de banditismo.


Os cangaceiros conheciam bem a Caatinga, e por isso, era tão fácil fugir das autoridades. Estavam sempre preparados para enfrentar todo o tipo de situação. Conheciam as plantas medicinais, as fontes de água, locais com alimento, rotas de fuga e lugares de difícil acesso.


O primeiro bando de cangaceiros que se tem conhecimento foi o de Jesuíno Alves de Melo Calado, "Jesuíno Brilhante", que agiu por volta de 1870 nas proximidades da cidade de Patu e entre a divisa dos estados do Rio Grande do Norte e a Paraíba, embora alguns historiadores atribuam a Lucas Evangelista o feito de ser o primeiro a agregar um grupo característico de cangaço, nos arredores de Feira de Santana (em 1828), sendo ele preso junto com a sua quadrilha em 28 de Janeiro de 1848 por provocar durante vinte anos assaltos contra a população de Feira.[4] O último grupo cangaceiro famoso porém foi o de "Corisco" (Cristino Gomes da Silva Cleto), que foi assassinado em 25 de maio de 1940.


O cangaceiro mais famoso foi Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, que também denominado o "Senhor do Sertão" e "O Rei do Cangaço". Atuou durante as décadas de 20 e 30 em praticamente todos os estados do nordeste.


Por parte das autoridades, Lampião simbolizava a brutalidade, o mal, uma doença que precisava ser cortada. Para uma parte da população do sertão, ele encarnou valores como a bravura, o heroísmo e o senso da honra (semelhante ao que acontecia com o mexicano Pancho Villa).[5]


O cangaço teve o seu fim a partir da decisão do então Presidente da República, Getúlio Vargas, de eliminar todo e qualquer foco de desordem sobre o território nacional. O regime denominado Estado Novo incluiu Lampião e seus cangaceiros na categoria de extremistas. A sentença passou a ser matar todos os cangaceiros que não se rendessem.


No dia 28 de julho de 1938, na localidade de Angico, no estado de Sergipe, Lampião finalmente foi apanhado em uma emboscada das autoridades, onde foi morto junto com sua companheira, Maria Bonita, e mais nove cangaceiros.


Os cangaceiros foram degolados e suas cabeças colocadas em aguardente e cal, para conservá-las. Foram expostas por todo o Nordeste e por onde eram levadas atraiam multidões.[6]


Este acontecimento veio a marcar o final do cangaço, pois, a partir da repercussão da morte de Virgulino, os chefes dos outros bandos existentes na Nordeste vieram a se entregar às autoridades policiais para não serem mortos.



Lampião |


O mais famoso cangaceiro de todos eles, o único que é frequentemente associado com toda a história do cangaço, era um homem chamado Virgulino Ferreira da Silva, também conhecido como "Lampião" (de acordo com seus companheiros, ele podia disparar tão rapidamente que era possível iluminar o lugar). Ele começou sua vida criminosa ainda jovem, alegando uma vingança que nunca aconteceu.


Vagando Santa Brígida, no estado de Bahia , ele conheceu Maria Alia da Silva (também conhecida como Maria de Déia), esposa do sapateiro Zé de Nenê. Mais tarde, ela seria mais conhecida como Sra. Lampião, Maria Bonita.


Lampião foi morto pela polícia em 1938, em uma região entre os limites do estado da Sergipe e Alagoas, quando um informante, Pedro de Cândida, deu a sua localização à polícia. A ofensiva maciça levou ao derramamento de sangue no qual onze dos integrantes do bando foram mortos: Lampião, Maria Bonita, Luís Pedro, Mergulhão, Enedina, Elétrico, Quinta-Feira, Moeda, Alecrim, Colchete e Macela.



História do cangaço |




Mapa de atuação do Cangaço.


Consta que o primeiro homem a agir como cangaceiro teria sido o Cabeleira, como era chamado José Gomes. Nascido em 1751, em Glória do Goitá, cidade da zona da mata pernambucana, ele aterrorizou sua região. Mas foi somente no final do século XIX que o cangaço ganhou força e prestígio, principalmente com Antonio Silvino, Lampião e Corisco.


Entre meados do século XIX e início do século XX, o Nordeste do Brasil viveu momentos difíceis, aterrorizado por grupos de homens que espalhavam o terror por onde andavam. Eles eram os cangaceiros, bandidos que abraçaram a vida nômade e irregular de malfeitores por motivos diversos. Alguns deles foram impelidos pelo despotismo das mulheres poderosas.


Lucas da Feira, ou Lucas Evangelista, agiu na região da cidade baiana de Feira de Santana entre 1828 e 1848. Ele e seu bando de mais de 30 homens roubavam viajantes e estupravam mulheres. Foi enforcado em 1849.[6] No ano de 1877, em meio a estiagem, destaca-se no sul do Ceará as ações do cangaceiro João Calangro que chefiava um bando que atuava em todo o Cariri, o supracitado Calangro era um capanga do grupo de Inocêncio Vermelho, que tinha o apoio do juiz do município de Jardim. Com a morte de Inocêncio Vermelho, João Calangro lidera um séquito de cangaceiros que em virtude de seu nome, passam a ser intitulados de ´calangos`, após muitos embates, João Calangro que jactava-se de ter cometido 32 homicídios, foge para Piauí, e a partir de então o desfecho de seu destino torna-se ignoto concernente aos registros sobre o mesmo.[7]


Os cangaceiros conseguiram dominar o sertão durante muito tempo, pois eram protegidos de coronéis, que se utilizavam dos cangaceiros para cobrança de dívidas, entre outros serviços "sujos".


Um caso particular foi o de Januário Garcia Leal, o Sete Orelhas, que agiu no sudeste do Brasil, no início do século XIX, tendo sido considerado justiceiro e honrado por uns e cangaceiro por outros.


No sertão, consolidou-se uma forma de relação entre os grandes proprietários e seus vaqueiros.


A base desta relação era a fidelidade dos vaqueiros aos fazendeiros. O vaqueiro se disponibilizava a defender (de armas na mão) os interesses do patrão.


Como as rivalidades políticas eram grandes, havia muitos conflitos entre as poderosas famílias. E estas famílias se cercavam de jagunços com o intuito de se defender, formando assim verdadeiros exércitos. Porém, chegou o momento em que começaram a surgir os primeiros bandos armados, livres do controle dos fazendeiros.


Os coronéis tinham poder suficiente para impedir a ação dos cangaceiros.


O cangaceiro, um deles, em especial Lampião, tornou-se personagem do imaginário nacional, ora caracterizado como uma espécie de Robin Hood, que roubava dos ricos para dar aos pobres, ora caracterizado como uma figura pré-revolucionária, que questionava e subvertia a ordem social de sua época e região.



Coiteiros |


Coiteiros foram pessoas que ajudaram os cangaceiros, dando-lhes abrigo e comida. Eles fizeram isso por muitas razões - que poderiam ser parentes de um cangaceiro, amigos, ex-vizinhos, ou simplesmente tinham algum interesse em seu poder, ou estavam com medo deles.



Volantes e macacos |


Os volantes eram pequenos grupos de soldados, cerca de 20 a 60, de todos os estados da federação brasileira, formada pelo governo através das agências de aplicação da lei enviados para procurar e destruir os cangaceiros. Os cangaceiros muitas vezes se referiam a eles como "macacos", por causa de seus uniformes marrons e sua vontade de obedecer suas ordens. Alguns deles realizados modernas (na época) metralhadoras Hotchkiss, armas que os cangaceiros rapidamente aprenderam a temer - mas estavam sempre dispostos a roubar para seu próprio uso.



Estilo cangaceiro |




Lampião e sua esposa, Maria Bonita, a direita.


Os cangaceiros tinham noções muito específicas de como se comportar e de se vestir. Primeiro de tudo, a maioria deles sabia costurar muito bem. Vivendo nas terras semiáridas do nordeste do Brasil, tiveram que sobreviver em meio a arbustos secos pontiagudos. Apesar do calor durante o dia, os cangaceiros preferiam usar roupas de couro, enfeitadas com todos os tipos de fitas coloridas e peças de metal.


Eles também usaram luvas de couro com moedas e outras peças de metal costuradas por eles, quase como uma armadura.




Vestimenta de cangaceiro no Museu Cais do Sertão, Recife


Por causa do forte calor e da ausência de água á disposição, alguns cangaceiros - especialmente Lampião - usavam perfumes, inclusive caros, como o francês,  muitas vezes roubados de casas das pessoas ricas e usados em grandes quantidades.


Kit básico para o cangaço:



  • Chapéu de couro com abas largas dobradas

  • Munição (até 18 quilos) e armas (a mais comum era o rifle Winchester 44)

  • Bolsa (capanga) com remédios, fumo e brilhantina

  • Punhal

  • Lenço para proteger boca e nariz contra a poeira

  • Roupa resistente com mangas compridas contra o sol

  • Cantil com água ou cachaça



Armas do cangaceiro |



Arma do cangaço

Rifle


As armas dos cangaceiros eram principalmente revólveres, espingardas, e os famosos pára belo". Alega-se que como macaco "belo" era outra gíria para os policiais. Assim, pistolas e rifles Winchester eram chamados pára belo. No entanto, o nome parece ser na verdade uma derivação da expressão latina para bellum que significa "preparar para a guerra" e foi usado em seguida para se referir a arma oficial utilizada pelas tropas governamentais brasileiras e por alguns dos soldados responsáveis ​​pela aplicação da lei. A pistola Luger que foi produzida pela fabricante de armas alemã.


Eles também ficaram famosos por usarem uma faca fina, longa e bem afiada chamada " Peixeira ", uma faca de limpeza de peixe, usada principalmente para torturar ou cortar as gargantas de suas vítimas.



Cangaço na cultura popular |



Literatura de cordel |




Exemplo de cordéis


O cangaço é um dos principais temas mais explorados na literatura de cordel, onde o cangaceiro é retratado como herói.[8]
Literatura de Cordel é, como qualquer outra forma artística, uma manifestação cultural. Por meio da escrita são transmitidas as cantigas, os poemas e as histórias do povo — pelo próprio povo. O nome de Cordel teve origem em Portugal, onde os livretos, antigamente, eram expostos em cordéis, como roupas no varal.



Livros |




    • O Cabeleira, de Franklin Távora


    • Jurisdição dos Capitães – A História de Januário Garcia Leal e Seu Bando - Editora Del Rey, Belo Horizonte, 2001, Marcos Paulo de Souza Miranda.


    • Lampião e Maria bonita de Liliana Iacocca, Editora Ática


    • Flor de Romances Trágicos, de Luís da Câmara Cascudo, Editora Cátedra.


    • Lampião: herói ou bandido, de Antonio Amaury Correa de Araújo e Carlos Elydio Correa. São Paulo: Editora Claridade, 2009.



Filmes |


Os primeiros filmes sobre o cangaço datam de meados da década de 1920 e início da década de 1930.[9] Entre as década de 1950 e década de 1960, os filmes brasileiros sobre o cangaço eram bastante influenciados pelos filmes de faroeste dos Estados Unidos e são conhecidos como nordestern, western macaxeira,[10] ou western feijoada,[11] um deles foi O Cangaceiro (1953).[9][12]




  • O Cangaceiro , de Lima Barreto 1953 (trilha sonora original por Riz Ortolani )


  • A Morte Comanda o Cangaço , Walter Guimarães Motta 1961


  • Deus e o Diabo na Terra do Sol , Inglês título: "Deus Branco, Black Devil" Glauber Rocha 1963


  • O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro , de Glauber Rocha 1968


  • O' Cangaceiro (no Brasil, Rebelião dos Brutos), Itália-Espanha, filme inspirado no cinema de faroeste italiano (western spaghetti), 1970[13]


  • Baile Perfumado , Paulo Caldas e Lírio Ferreira, 1997


  • O Matador de Marcelo Galvão, 2017, feito para a a Netflix[14]



Histórias em quadrinhos |


Em 1938, Euclides Santos publicou a tira Vida de Lampeão no jornal A Noite Ilustrada.[15] Na década de 1950, inspirado no sucesso de O Cangaceiro, o quadrinista Gedeone Malagola lança uma revista em quadrinhos sobre o fictício "Milton Ribeiro, O Cangaceiro", Milton Ribeiro é o ator que interpretou o cangaceiro Galdino no filme de 1953, a diferença de Milton Ribeiro para Galdino, é que nos quadrinhos Milton é o herói.[16] Em 1953, José Lanzelotti lança Raimundo, o Cangaceiro para a revista Aliança Juvenil da editora Aliança, na década de 1960, a série seria publicada pela La Selva.[17] Em 1954, o haitiano André LeBlanc adaptou o romance Os Cangaceiros de José Lins do Rego para a revista Edição Maravilhosa da EBAL.[18][19]


Em 1963, Mauricio de Sousa comandava o Suplemento Infanto-Juvenil do jornal Folha de S. Paulo, Mauricio então pediu a Julio Shimamoto que criasse uma tira para o suplento, Shimamoto elaborou dois projetos: uma tira sobre cangaceiros e outra sobre gaúchos, no fim resolveu criar a tira O Gaúcho, na época, cangaceiros eram retratados como bandidos.[20] As radionovelas Jerônimo, o Herói do Sertão e Juvêncio, o justiceiro do sertão transportavam as histórias dos faroeste para o sertão brasileiro e também tiveram histórias em quadrinhos, Jerônimo em 1957 pela Rio Gráfica Editora, com textos de Moysés Weltman e desenhos de Edmundo Rodrigues,[21] e Juvêncio entre 1968 e 1969 pela Editora Prelúdio, com roteiros de Gedeone Malagola, R. F. Lucchetti, Helena Fonseca e Fred Jorge e desenhos de Sérgio Lima, Rodolfo Zalla, Eugênio Colonnese e Mário Cafiero,[22] a Editora Prelúdio também publicava literatura de cordel.[23]




Na década de 1970, O quadrinhista Floriano Hermeto de Almeida Filho, um dos responsáveis pelas histórias do super-herói Judoka, chegou a produzir sete páginas de uma história sobre o cangaço, que permaneceram inéditas até novembro de 2018, quando foram publicadas no livro "O Judoka por FHAF",[24]publicado pela AVEC Editora, apos uma campanha de financiamento coletivo no site Catarse.[25]
Em 1974, o brasileiro Jô Oliveira publicou a história "A Guerra do Reino Divino" na revista italiana alterlinus, dois anos depois a editora brasileira Codecri (mesma editora responsável por O Pasquim) publicou a obra no país.[17] A arte de Jô Oliveira é bastante influenciada pela xilogravura presente nos cordéis e é apontada como uma das primeiras graphic novels brasileiras.[26][27][28] Apesar de ser um tema brasileiro, o tema também é explorado por autores de outros países, em Mister No 3, 4 e 5, publicada em 1975 pela editora italiana Sergio Bonelli Editore, o piloto americano com histórias ambientadas no Brasil, encontra com cangaceiros,[29] o belga Hermann Huppen que escreveu e desenhou a HQ Caatinga (publicada no Brasil pela Editora Globo),[30] ou também o italiano Hugo Pratt ("La macumba du Gringo").


Zagor, série de faroeste também publicada pela Bonelli, encontrou com cangaceiros em Zagor n° 452 (março de 2002)[31] e Zagor n° 573 (abril de 2013).[32]


Outros autores retrataram o cangaço como Ataide Braz (roteiro) e Flavio Colin (desenhos) com Mulher Diaba no rastro de Lampião, publicada em 1994 pelo selo Graphic Brasil da Nova Sampa,[19]Danilo Beyruth em Bando de dois,[33]Flávio Luiz com a futurista O Cabra,[34]Wilson Vieira, Eugênio Colonnese e Mozart Couto no álbum Cangaceiros - Homens de Couro da editora CLUQ de Wagner Augusto,[35] o cordelista e editor Klévisson Viana com Lampião — era o cavalo do tempo atrás da besta da vida: uma história em quadrinhos,[36][37] Haroldo Magno (roteiro) e Edvan Bezerra (desenhos) em Sertão Vermelho, financiado com apoio da prefeitura e empresas locais de Paulo Afonso, na Bahia, que também teve participações de Rodolfo Zalla, Júlio Shimamoto, Eugênio Colonnese e Vítor Barreto,[38] entre outros.



Fim do cangaço |


O cangaço em sua forma de “banditismo” foi um dos últimos movimentos do Brasil de luta armada e de classe pobre que dominou por um longo período de tempo o nordeste brasileiro. Virgulino Ferreira conhecido como Lampião foi um dos maiores líderes da história dos movimentos armados independentes do Brasil. 


Os cangaceiros atingiam tanto pessoas pobres como ricas, porém o espírito de liberdade e independência demonstradas pelos integrantes desses grupos ao infringirem as normas da sociedade, iludiam e fascinavam os demais habitantes das regiões do Sertão Nordestino. Muitos destes cangaceiros utilizavam dessa imagem de instrumento de justiça social para justificar seus crimes. 


A extinção desse fenômeno social foi consequência, sobretudo da mudança das condições sociais no país, das perspectivas de uma vida melhor que se abria para a massa nordestina com a migração para Sul, e das maiores facilidades de comunicação, entre outros fatores. 


Os traficantes das grandes favelas brasileiras roubam e matam criando seus próprios protocolos e leis em seus locais de dominância, característica semelhante à dos cangaceiros nordestinos. Foram os cangaceiros que introduziram o sequestro em larga escala no Brasil. Faziam reféns em troca de dinheiro para financiar novos crimes. Caso não recebessem o resgate, torturavam e matavam as vítimas, a tiro ou punhaladas. A extorsão era outra fonte de renda. Essas características são evidentes nas favelas quando relacionadas às milícias. Os cangaceiros corrompiam oficiais militares e autoridades civis, de quem recebiam armas e munição. Um arsenal bélico sempre mais moderno e com maior poder de fogo que aquele utilizado pelas tropas que os combatiam. 



Cangaceiros ilustres |


  • Biografias de cangaceiros ilustres


Ver também |


  • Região Nordeste do Brasil


Referências




  1. Pericás, Luiz Bernardo (2010). Os cangaceiros: ensaio de interpretação histórica. [S.l.: s.n.] ISBN 978-85-7559-161-1 


  2. Marcello André Militão. «POR QUE VIRGULINO TORNOU-SE LAMPIÃO: UMA ANÁLISE DA S RELAÇÕES DE PODER NO NORDESTE BRASILEIRO DURANTE A PRIMEIRA REPÚBLICA» (PDF) 


  3. Grunspan-Jasmin, Elise (2001). Lampião, senhor do sertão : vidas e mortes de um cangaceiro. [S.l.: s.n.] ISBN 85-314-0913-6 


  4. Transcrição do interrogatório de Lucas da Feira


  5. Lampião — era o cavalo do tempo atrás da besta da vida: uma história em quadrinhos. [S.l.]: hedra. 2000. ISBN 9788587328076  Texto "último-Viana" ignorado (ajuda); |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)


  6. ab Cavalcante, Messias Soares. A verdadeira história da cachaça. São Paulo: Sá Editora, 2011. 608p. ISBN 9788588193628


  7. CARDOSO, Tania Maria de Sousa. «Uma história através dos movimentos sociais». Jornal Diário do Nordeste 


  8. Mark J. Curran (1998). História do Brasil em cordel. [S.l.]: EdUSP. 61 páginas. 9788531404061 


  9. ab Luiz Zanin Oricchio (16 de outubro de 2010). «O cangaço está em toda parte». O Estado de S. Paulo 


  10. Rodrigo Fonseca (1 de agosto de 2013). «Pilar do 'nordestern', o faroeste 'O cangaceiro' chega aos 60 anos sem tributos à altura de seu sucesso». O Globo 


  11. Marcelo Miranda (22 de abril de 2014). «Pesquisador registra 103 westerns filmados no Brasil». Estadão 


  12. AnnaLice Dell Vecchio (20 de dezembro de 2010). «Um faroeste à moda do cangaço». Gazeta do Povo 


  13. Thomas Weisser (1992). Spaghetti Westerns--the Good, the Bad and the Violent: A Comprehensive, Illustrated Filmography of 558 Eurowesterns and Their Personnel, 1961-1977. [S.l.]: McFarland. 9781476611693 


  14. Netflix divulga trailer de 'O Matador', seu primeiro longa brasileiro de ficção


  15. O Cangaço nas histórias em quadrinhos


  16. Franco de Rosa (2008). «Homenagem a Gedeone Malagola, uma lenda dos gibis brasileiros». Wizmania. 2 (6). São Paulo: Panini Comics. pp. 56 a 59. ISSN 1679-5598 


  17. ab Ota; Ucha, Francisco (janeiro de 2011). «Cronologia dos Quadrinhos - Parte 2». Associação Brasileira de Imprensa. Jornal da ABI (362) 


  18. Quadrinhos - A arte maior de Le Blanc, Ivan e Euzébio


  19. ab O Cangaço nas histórias em quadrinhos


  20. «O Gaúcho, antes de tudo um aventureiro». Universo HQ 


  21. Marcus Ramone (8 de setembro de 2004). «Raios e trovões! Os bons e velhos quadrinhos de western - Heróis de verdade». Universo HQ 


  22. João Antonio Buhrer de Almeida (6 de setembro de 2010). «Arquivos Incríveis: Juvêncio, O Justiceiro: O Cowboy Mascarado do Brasil». Bigorna.net 


  23. Editora Luzeiro - Um estudo de caso


  24. Livro em campanha no Catarse traz de volta o Judoka


  25. Avec Editora publicará antologia que resgata histórias de O Judoka


  26. A estética da literatura de cordel nos quadrinhos de Jô Oliveira


  27. Ilustrador veterano, Jô Oliveira participa de evento de quadrinhos na Fundação Casa Grande


  28. Sidney Gusman. «A Guerra do Reino Divino». Universo HQ 


  29. Mister No Itália


  30. Sidney Gusman. «Caatinga». Universo HQ 


  31. Zagor 452 - Il Labirinto del Diavolo


  32. Zagor 573


  33. Bando de dois, de Danilo Beyruth, terá nova tiragem pela Zarabatana (16 de março de 2015). «Bando de dois, de Danilo Beyruth, sai pela Zarabatana». Universo HQ  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)


  34. Paulo Ramos (9 de dezembro de 2010). «Cabra macho, sim, senhor». UOL 


  35. Marcelo Naranjo, sobre o Press release (26 de agosto de 2004). «Homens de Couro é o novo álbum do CLUQ». Universo HQ 


  36. Top!Top! #22 à venda


  37. Matheus, Moura (fevereiro de 2012). «Rei do cangaço e os 'achismos'». Sociedade Amigos da Biblioteca Nacional. Revista de História da Biblioteca Nacional (77): 74-77 


  38. Novas aventuras de Lampião em Sertão Vermelho 2



Ligações externas |




O Commons possui uma categoria contendo imagens e outros ficheiros sobre Cangaço




  • Escrituras nômades do cangaço: o folheto de cordel como signo motivador do cinema das décadas de 1950 e 1960 – tese de Gilvan de Melo Santos, UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

  • Do clarão dos tiros ao escuro do cinema

  • Ceará de Luz - História do Cangaço



  • Portal da história
  • Portal do Brasil



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