Estado de Sítio (1972)
Estado de Sítio | |
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État de siège | |
França, Itália, Alemanha Ocidental 1972 • cor • 120 min | |
Direção | Costa-Gavras |
Roteiro | Costa-Gavras Franco Solinas (livro) |
Elenco | Yves Montand Renato Salvatori |
Género | drama, suspense político |
Idioma | francês |
Página no IMDb (em inglês) |
Estado de Sítio[1][2] (État de siège) é um filme franco-teuto-italiano de 1972 dirigido por Costa-Gavras, estrelado por Yves Montand e Renato Salvatori. O roteiro é do próprio diretor, baseado em livro do italiano Franco Solinas, com música de Mikis Theodorakis.
A história se baseia em fatos reais: o sequestro no Uruguai do agente americano Dan Mitrione e do cônsul brasileiro Aloysio Gomide pelos Tupamaros, em 1970. O filme foi filmado no Chile, então governado por Salvador Allende.[3]
Índice
1 Elenco
2 Sinopse
3 Produção
4 Referências históricas
5 Prêmios
6 Referências
7 Ligações externas
Elenco |
Yves Montand … Philip Michael Santore
Renato Salvatori … Capitão Lopez
- O.E.Hasse … Carlos Ducas
- Jacques Weber … Hugo
- Jean-Luc Bideau … Este
Sinopse |
Em Montevidéu, Philip Michael Santore (Montand), um funcionário americano da entidade AID, é raptado por um grupo de guerrilha urbana de extrema-esquerda autodenominado Tupamaros. Mais duas autoridades são raptadas no mesmo dia, o cônsul Campos, do Brasil, e um outro, funcionário da embaixada dos Estados Unidos, sendo que esse consegue escapar. Durante o interrogatório pelos captores encapuzados, Santore se diz um simples técnico mas é confrontado com evidências de que sua missão real é instruir policiais de vários países sul-americanos, ensinando métodos questionáveis tais como tortura, intimidação e assassinatos sem julgamento, o que levaria a formação de "Esquadrões da Morte", acobertados pelas autoridades. Enquanto Santore é mantido cativo, os sequestradores negociam com o governo a troca dos reféns por prisioneiros políticos, causando uma grave crise institucional e a quase renúncia do presidente do país.
Produção |
Estado de Sítio foi filmado no Chile, então governado por Salvador Allende. Na época com um governo socialista constitucional, o Chile se encontrava politicamente convulsionado, e representantes da Direita exigiam a proibição no país de A Confissão, filme anterior do mesmo Costa-Gravas contra o Totalitarismo.[4] O diretor foi insultado nas ruas por direitistas durante as filmagens em Santiago, chamado de "comunista que devia deixar o país", o que obrigou a paralisação da produção e a ideia de se mudarem para Viña del Mar ou outro país para terminar as filmagens, o que acabou não sendo feito depois das garantias do próprio Allende de que Gavras poderia filmar o que quisesse no país.[3] No Brasil, o filme foi censurado por 8 anos devido às cenas com críticas e denúncias explícitas à Ditadura militar brasileira. Em 1981, no período de abertura democrática, a Censura Federal liberou o filme, embora com cortes. [5]
Referências históricas |
Ver artigo principal: Dan Mitrione, para referências
O nome do verdadeiro agente americano que foi sequestrado pelos Tupamaros é Dan Mitrione, um oficial do FBI. De 1960 a 1967, Mitrione trabalhou com a polícia brasileira, colaborando com a ditadura militar na repressão aos antagonistas do regime, inclusive instruindo métodos de torturas e assassinatos. Ele retornou ao seu país em 1967, atuando como expert de contraguerrilha da Agency for International Development (AID), em Washington D.C. Em 1969, Mitrione foi para o Uruguai, novamente sob a cobertura da AID.
Nessa época o governo uruguaio, liderado pelos conservadores do Partido Colorado, enfrentava dificuldades na economia, revolta dos trabalhadores e dos estudantes, além dos Tupamaros, um grupo armado de guerrilha urbana de extrema-esquerda. Washington temia a vitória eleitoral da Frente Amplio, uma coalizão de centro-esquerda, que poderia resultar numa situação similar ao que aconteceria no Chile, causada por Salvador Allende. A OPS, ligada a AID, colaborava com a polícia local desde 1965, fornecendo armas e treinamento. Foi alegado que a prática de tortura ocorria desde os anos de 1960, mas Dan Mitrione foi relatado como o homem que introduziu a rotina. Ele teria dito: "The precise pain, in the precise place, in the precise amount, for the desired effect." ("Uma dor precisa, em um preciso lugar, num preciso momento, para a resposta desejada"). Ele também treinou agentes policiais de outros países nos Estados Unidos, no contexto da Guerra Fria. Nas aulas de tortura, eram usados sem-tetos e mendigos.
Em resposta ao aumento da tortura, os Tupamaros raptaram Mitrione em 31 de julho de 1970. Pretendiam trocá-lo por 150 presos políticos. O governo uruguaio, com o apoio nos bastidores dos americanos, recusou a troca e Mitrione foi encontrado morto num carro, com dois tiros na cabeça.
Mitrione era casado e tinha 9 filhos. Seu funeral recebeu grande cobertura da imprensa americana, com a presença, dentre outros, de David Eisenhower e do Secretário de Estado de Richard Nixon, William Rogers. Frank Sinatra e Jerry Lewis realizaram um show beneficente em prol da família, em Richmond, Indiana. Um de seus filhos, Dan Mitrione Jr., também entrou para o FBI e se envolveu num escândalo de suborno durante uma investigação de tráfico de drogas.
Prêmios |
- Venceu o Prêmio Louis Delluc de 1973
Referências
↑ Estado de Sítio (1972) (em português) no AdoroCinema (Brasil)
↑ Estado de Sítio no SapoMag (Portugal)
↑ ab ««Costa Gavras: recordações do Chile»». Le Monde Diplomatique. Consultado em 18 de janeiro de 2014
↑ «A Confissão». Imdb. Consultado em 18 de janeiro de 2014
↑ «O terrorismo sem panfleto: Proibido desde 1973, Estado de Sítio estreia amanhã com duas cenas cortadas». Acervo Folha. Consultado em 23 de outubro de 2017
Ligações externas |
Estado de Sítio (em inglês) at the Internet Movie Database
Review of the movie por Roger Ebert