Arte





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Mona Lisa, de Da Vinci: uma das pinturas mais conhecidas do mundo.


Arte (do termo latino ars, significando técnica e/ou habilidade) pode ser entendida como a atividade humana ligada às manifestações de ordem estética ou comunicativa, realizada por meio de uma grande variedade de linguagens,[1] tais como: arquitetura, desenho, escultura, pintura, escrita, música, dança, teatro e cinema, em suas variadas combinações.[2] O processo criativo se dá a partir da percepção com o intuito de expressar emoções e ideias, objetivando um significado único e diferente para cada obra.[3]




Índice






  • 1 Definição


    • 1.1 História do conceito




  • 2 Formas, gêneros, técnicas


  • 3 Periodização


    • 3.1 Arte pré-histórica (c. 40000-3000 a.C.)


    • 3.2 Arte antiga (c. 3000-300 a.C.)


    • 3.3 Arte clássica (1000 a.C.-300 d.C.)


    • 3.4 Arte medieval (c. 300-1350)


    • 3.5 Arte na Idade Moderna (c. 1350-1850)


    • 3.6 Arte contemporânea (c. 1850-atualidade)




  • 4 Historiografia da arte


  • 5 Crítica de arte


  • 6 Sociologia da arte


  • 7 Psicologia da arte


  • 8 Conservação e restauro


  • 9 Referências


  • 10 Ligações externas





Definição


O principal problema na definição do que é arte é o fato de que esta definição varia com o tempo e de acordo com as várias culturas humanas. Devemos, pois, ter em mente que a própria definição de arte é uma construção cultural variável e sem significado constante. Muito do que hoje uma cultura ou grupo chama de arte não era ou não é considerado como tal por culturas ou grupos diferentes daqueles onde foi produzida, e até numa mesma época e numa mesma cultura pode haver múltiplas acepções do que é arte. As sociedades pré-industriais em geral não possuem ou possuíam sequer um termo para designar arte.[4] Numa visão muito simplificada, a arte está ligada principalmente a um ou mais dos seguintes aspectos:[4]



  • a manifestação de alguma habilidade especial,

  • a criação artificial de algo pelo ser humano;

  • o desencadeamento de algum tipo de resposta no ser humano, como o senso de prazer ou beleza;

  • a apresentação de algum tipo de ordem, padrão ou harmonia;

  • a transmissão de um senso de novidade e ineditismo;

  • a expressão da realidade interior do criador;

  • a comunicação de algo sob a forma de uma linguagem especial;

  • a noção de valor e importância;

  • a excitação da imaginação e a fantasia;

  • a indução ou comunicação de uma experiência-pico;

  • coisas que possuam reconhecidamente um sentido;

  • coisas que deem uma resposta a um dado problema.


Ao mesmo tempo, mesmo que uma dada atividade seja considerada arte de modo geral, há muita inconsistência e subjetividade na aplicação do termo. Por exemplo, é hábito, entre os ocidentais, chamar de arte o canto operístico, mas cantar despreocupadamente enquanto trabalhamos muitas vezes não é tido como arte. Pode haver, assim, uma série de outros parâmetros que as culturas empregam para separar o que consideram arte do que não consideram.[4]


Mesmo que se possa, em tese, estabelecer parâmetros gerais válidos consensualmente, a análise de cada caso pode ser extraordinariamente complexa e inconsistente. Num contexto geográfico, se a cultura ocidental chama de arte a ópera, possivelmente uma cultura não ocidental poderia considerar aquele tipo de canto muito estranho. Na perspectiva histórica, muitas vezes um objeto considerado artístico em uma determinada época pode ser considerado não artístico em outra.[4]



História do conceito


No ocidente, um conceito geral de arte, ou seja, aquilo que teriam em comum coisas tão distintas como, por exemplo, um madrigal renascentista, uma catedral gótica, a poesia de Homero, os autos de mistério medievais, um retábulo barroco, só começou a se formar em meados do século XVIII, embora a palavra já estivesse em uso há séculos para designar qualquer habilidade especial.[5]


Na Antiguidade clássica, uma das principais bases da civilização ocidental e a primeira cultura que refletiu sobre o tema, considerava-se arte qualquer atividade que envolvesse uma habilidade especial: habilidade para construir um barco, para comandar um exército, para convencer o público em um discurso, em suma, qualquer atividade que se baseasse em regras definidas e que fosse sujeita a um aprendizado e desenvolvimento técnico. Em contraste, a poesia, por exemplo, não era tida como arte, pois era considerada fruto de uma inspiração.[6]Platão definiu arte como uma capacidade de fazer coisas de modo inteligente através de um aprendizado, sendo um reflexo da capacidade criadora do ser humano;[7]Aristóteles a definiu como uma disposição de produzir coisas de forma racional, e Quintiliano a entendia como aquilo que era baseado em um método e em uma ordem.[8] Já Cassiodoro destacou seu aspecto produtivo e ordenado, assinalando três funções para ela: ensinar, comover e agradar ou dar prazer.[9]





O Juízo Final, de Michelangelo: a arte veiculando todo um universo simbólico, tendo um propósito educativo.


Essa visão atravessou a Idade Média, mas, no Renascimento, iniciou-se uma mudança, separando-se os ofícios produtivos e as ciências das artes propriamente ditas e incluindo-se, pela primeira vez, a poesia no domínio artístico. A mudança foi influenciada pela tradução para o italiano da Poética de Aristóteles e pela progressiva ascensão social do artista, que buscava um afastamento dos artesãos e artífices e uma aproximação dos intelectuais, cientistas e filósofos. O objeto artístico passou a ser considerado tanto fonte de prazer como meio de assinalar distinções sociais de poder, riqueza e prestígio, incrementando-se o mecenato e o colecionismo.[10] Começaram a aparecer também diversos tratados sobre as artes, como o De pictura, De statua e De re aedificatoria, de Leon Battista Alberti, e os Comentários de Lorenzo Ghiberti. Ghiberti foi o primeiro a periodizar a história da arte, distinguindo a arte clássica, a arte medieval e a arte renascentista.[11]


O Renascimento e o Maneirismo assinalam o início da arte moderna. O conceito de beleza se relativizou, privilegiando-se a visão pessoal e a imaginação do artista em detrimento do conceito mais ou menos unificado e de índole científica do Renascimento. Também se deu valor ao fantástico e ao grotesco. Para Giordano Bruno, havia tantas artes quantos eram os artistas, introduzindo o conceito de originalidade, pois, para ele, a arte não tem normas, não se aprende e procede da inspiração.[12]


No século XVIII, começou a se consolidar a estética como um elemento-chave para a definição de arte como hoje a entendemos - a despeito da vagueza e inconsistências do conceito. Até então, toda a arte do ocidente estava indissociavelmente ligada a uma ou mais funções definidas, ou seja, era uma atividade essencialmente utilitária: servia para a transmissão de conhecimento, para a estruturação e decoração de rituais e festividades, para a invocação ou mediação de poderes espirituais ou mágicos, para o embelezamento de edifícios, locais e cidades, para a distinção social, para a recordação da história e a preservação de tradições, para a educação moral, cívica, religiosa e cultural, para a consagração e perpetuação de valores e ideologias socialmente relevantes, e assim por diante.[13]


Esta mudança de paradigma estava ligada a transformações culturais desencadeadas pelo cientificismo e pelo iluminismo. Estas correntes de pensamento passaram a defender a tese de que a arte não era uma ciência, não podia descrever com exatidão a realidade, e por isso não poderia ser um veículo adequado para o conhecimento verdadeiro. Não sendo uma ciência, a arte passou para a esfera da emoção, da sensorialidade e do sentimento. A própria origem da palavra "estética" deriva de um termo grego que significa "sensação". Em trabalhos de Jean-Baptiste Dubos, Friedrich von Schlegel, Arthur Schopenhauer, Théophile Gautier e outros, nasceu o conceito de arte pela arte, onde ela tinha um fim em si mesma, despojando-a de toda a sua antiga funcionalidade e utilidade prática e associações com a moral. Ao mesmo tempo em que isso abriu um novo e rico campo filosófico, gerou dificuldades importantes: perdeu-se a capacidade de se entender a arte antiga em seu próprio contexto, onde ela era toda funcional - um testemunho desta tendência é a proliferação de museus no século XIX, instituições onde todos os tipos de arte são apresentados fora de seu contexto original -, e criaram-se conceitos inteiramente baseados na subjetividade, tornando cada vez mais difícil encontrar-se pontos objetivos em comum que pudessem ser aplicados a qualquer tipo de arte, tanto para defini-la quanto para valorá-la ou interpretar seu significado. O esteticismo foi um dos elementos teóricos básicos para a emergência do Romantismo, que rejeitou o utilitarismo da arte e deu um valor principal à criatividade, à intuição, à liberdade e à visão individuais do artista, erigindo-o ao status de demiurgo e profeta e fomentando, com isso, o culto do gênio. Por outro lado, o esteticismo ofereceu uma alternativa para a descrição de aspectos do mundo e da vida que não estão ao alcance da ciência e da razão.[14][15]Charles Baudelaire foi um dos primeiros a analisar a relação da arte com o progresso e a era industrial, prefigurando a noção de que não existe beleza absoluta, mas que ela é relativa e mutável de acordo com os tempos e com as predisposições de cada indivíduo. Baudelaire acreditava que a arte tinha um componente eterno e imutável - sua alma - e um componente circunstancial e transitório - seu corpo. Este dualismo nada mais do que expressava a dualidade inerente ao homem em seu anelo pelo ideal e seu enfrentamento da realidade concreta.[16]





Kazimir Malevich: Quadrado negro sobre fundo branco, uma das obras paradigmáticas da escola abstrata.


Em que pese a grande influência do esteticismo, cujo corolário apareceria no início do século XX na forma do abstracionismo, uma apoteose do individualismo artístico,[17] houve correntes que o combateram. Hippolyte Taine elaborou uma teoria de que a arte tem um fundamento sociológico, aplicando-lhe um determinismo baseado na raça, no contexto social e na época. Reivindicou, para a estética, um caráter científico, com pressupostos racionais e empíricos. Jean Marie Guyau apresentou uma perspectiva evolucionista, afirmando que a arte está na vida e evolui com ela, e assim como a vida se organiza em sociedades, a arte deve ser um reflexo da sociedade que a produz.[18] A estética sociológica teve associações com os movimentos políticos de esquerda, especialmente o socialismo utópico, defendendo, para a arte, o retorno a uma função social, contribuindo para o desenvolvimento das sociedades e da fraternidade humana, como se percebe nos trabalhos de Henri de Saint-Simon, Lev Tolstoi e Pierre Joseph Proudhon, entre outros. John Ruskin e William Morris denunciaram a banalização da arte causada pelo esteticismo e pela sociedade industrial, e defenderam a volta ao sistema corporativo e artesanal medieval.[19][20]


Na mesma época, a arte começou a ser estudada sob o ponto de vista psicológico e semiótico através da contribuição de Sigmund Freud. Ele declarou que a arte poderia ser uma forma de representação de desejos e de sublimação de pulsões irracionais reprimidas. Disse que o artista era um narcisista, e que as obras de arte podiam ser analisadas da mesma forma que os sonhos, os símbolos e as doenças mentais. Continuou nessa linha seu discípulo Carl Jung, que introduziu o conceito de arquétipo na análise artística.[21] Outra novidade foi introduzida por Wilhelm Dilthey, considerando arte e vida serem uma unidade. Prefigurando a arte contemporânea, reconheceu a importância da reação do público na definição do que é um objeto artístico, o que instaurava uma espécie de anarquia do gosto, inaugurando a estética cultural. Reconheceu, também, que a época assinalava uma mudança social e uma nova interpretação da realidade. Ao artista, caberia intensificar nossa visão de mundo em uma obra coerente e significativa.[22]


Na primeira metade do século XX, conceitos inovadores foram introduzidos pela Escola de Frankfurt, destacando-se Walter Benjamin e Theodor Adorno, estudando os efeitos da industrialização, da tecnologia e da cultura de massa sobre a arte. Benjamin analisou a perda da aura do objeto artístico na sociedade contemporânea, e Adorno refletiu que a arte não é um reflexo mecânico da sociedade que a produz, pois a arte expressa o que não existe e indica a possibilidade de transformação e transcendência. Representante do pragmatismo, John Dewey definiu a arte como "a culminação da natureza", defendendo que a base da estética é a experiência sensorial. A atividade artística seria uma consequência da atividade natural do ser humano, cuja forma organizativa depende dos condicionamentos ambientais em que se desenvolve. Assim, arte seria o mesmo que "expressão", onde fins e meios se fundem em una experiência agradável. Já Ortega y Gasset apontou o caráter elitista e a desumanização da arte de vanguarda, devido ao seu hermetismo, ao repúdio da imitação da natureza e à perda da perspectiva histórica. Na escola semiótica, Luigi Pareyson elaborou uma estética hermenêutica, onde arte é a interpretação da verdade. Para ele, a arte é "formativa", ou seja, expressa uma forma de fazer que, ao mesmo tempo, inventa sua própria linguagem e seus meios. Assim, a arte não seria o resultado de um projeto predeterminado, mas simplesmente encontraria o resultado no processo de fazer. Pareyson influenciou a chamada Escola de Turim, que desenvolveu o conceito ontológico de arte. Umberto Eco, seu maior expoente, afirmou que a obra de arte só existe em sua interpretação, na abertura de múltiplos significados que pode ter para o espectador.[23]





A fonte, de Marcel Duchamp, originalmente um urinol: um exemplo da transformação contemporânea do conceito de arte.


Chegando-se aos meados do século XX, o assunto se tornou tão complexo, volátil e subjetivo que muitos estudiosos abandonaram de todo a ideia de que a definição do que é arte é de alguma forma possível. A título de exemplo, citem-se algumas opiniões: Morris Weitz declarou que "o próprio caráter aventuroso e expansivo da arte, suas constantes mutações e novidades, tornam ilógico que estabeleçamos qualquer conjunto de propriedades definidas". Robert Rosenblum disse que "hoje em dia a ideia de definirmos arte é tão remota que não acredito que alguém teria coragem de fazê-lo", e Wladyslaw Tatarkiewicz afirmou que "nosso século chegou à conclusão de que conseguirmos uma definição abrangente do que é arte é não apenas algo dificílimo, como impossível". Essas visões, porém, não impediram que outros críticos lançassem opiniões diferentes, crendo ser possível uma definição. Alguns delas contornaram o problema central da definição propriamente dita, e estabeleceram parâmetros externos para definir o fato artístico, recorrendo à consagração institucional, à autoridade, ou à resposta do público ou de pessoas consideradas peritas. Um exemplo é a definição de George Dickie: "um objeto artístico é em primeiro lugar um artefato, e em segundo, é um conjunto de aspectos que legitimou sua proposta de merecer atenção especial de alguma pessoa ou pessoas agindo em nome de alguma instituição social". Às vezes, se recorre à sua localização e ao contexto cultural, como na declaração de Thomas McEvilley, dizendo que "é arte o que está num museu... Parece bem claro que hoje em dia mais ou menos qualquer coisa pode ser chamada de arte. A questão é: ela foi chamada de arte pelo 'sistema de arte'? Em nosso século, isso é tudo o que é preciso para definir arte". Na mesma linha de ideias, Robert Hughes disse que algo é arte "se foi criado com o fim expresso de ser considerado como tal e foi colocado em um contexto em que é visto como tal".[24] Segundo a definição da Encyclopædia Britannica, arte é aquilo que é criado deliberadamente pelo homem como uma expressão de habilidade ou da imaginação.[3]



Formas, gêneros, técnicas



Ver artigo principal: Estilo (arte)

As artes são, muitas vezes, divididas em categorias específicas, tais como artes decorativas, artes plásticas ou visuais, artes do espectáculo, ou literatura. A pintura é uma forma de arte plástica ou visual, e a poesia é uma forma de literatura.[carece de fontes?]


Uma forma de arte é uma forma específica de expressão artística, é um termo mais específico do que arte em geral, mas menos específico do que gênero. Alguns exemplos incluem Arquitetura, Arte digital, Banda desenhada, Cinema (ver Cinema de arte), Dança, Desenho, Escultura, Graffiti, Fotografia, Literatura (Poesia e Prosa), Teatro, Música, Pintura etc.[carece de fontes?]


As técnicas para uma obra de arte ser construída são as mais diversas. Cada técnica caracteriza-se pelo emprego do material físico e de como se maneja tal material para atingir os resultados desejados. Assim, por exemplo, pedra e bronze são dois materiais utilizados na técnica da escultura por subtração, a qual se inclui na forma artística da escultura. A música e a poesia usam o som, a pintura usa as técnicas do óleo, aquarela, guache, encáustica etc.[25]


Um gênero artístico é o conjunto de convenções, temáticas e estilos dentro de uma forma de arte e mídia. Por exemplo, o cinema possui uma gama de gêneros, como aventura, horror, comédia, romance, ficção científica etc. Na música, há centenas de gêneros musicais, que variam de acordo com a região, cultura etc., como música erudita clássica, música folclórica, rock, MPB, música pop, muzak etc. Na pintura, os gêneros incluem pintura de paisagem, retrato, nu, natureza-morta, pintura histórica etc.[26]



Periodização



Ver artigo principal: História da arte


Arte pré-histórica (c. 40000-3000 a.C.)



Ver artigo principal: Arte da Pré-História

Desenvolveu-se entre o Paleolítico Superior e o Neolítico, onde aparecem as primeiras manifestações que costumam ser consideradas como arte. No Paleolítico, o homem, dedicado à caça e vivendo em cavernas, praticou a chamada arte rupestre. No Neolítico, tornou-se sedentário e desenvolveu a agricultura, com sociedades cada vez mais complexas, onde a religião ganhou importância. São exemplos os monumentos megalíticos e um início de produção artesanal na forma de vasos de cerâmica e estatuetas.[27]






Arte antiga (c. 3000-300 a.C.)



Ver artigos principais: Arte da Antiguidade, Arte do Antigo Egito, Arte da Mesopotâmia, Arte ibera, Arte asiática, Arte da África, Arte pré-colombiana e Arte da Oceania

No Egito e na Mesopotâmia, viveram as primeiras civilizações altamente estruturadas, e seus artistas/artesãos produziram obras complexas que já apresentam uma especialização profissional. A arte egípcia se caracterizou pelo caráter religioso e político, com destaque para a arquitetura, a pintura e a escultura. A escultura e a pintura mostram a figura humana em um estilo fortemente hierático e esquemático, devido à rigidez de seus cânones simbólicos e religiosos. A arte mesopotâmica se desenvolveu na área entre os rios Tigre e Eufrates, sendo testemunha de culturas diferentes, como os sumérios, acadianos, assírios e persas. Na arquitetura, se incluem os zigurates, grandes templos piramidais em degraus, enquanto, na escultura, predominam cenas religiosas, de caça e de guerra, com a presença de figuras humanas e animais reais ou mitológicas.[28]






Arte clássica (1000 a.C.-300 d.C.)



Ver artigo principal: Arte da Grécia Antiga, Arte da Roma Antiga, Arte etrusca

A arte da Grécia Antiga marcou a evolução da arte ocidental. Depois de um começo em que salientaram as civilizações Minoica e Micênica, a arte grega se desenvolveu em três períodos: arcaico, clássico e helenístico. Na arquitetura, se destacaram os templos, com suas três ordens: dórica, jônica e coríntia. Na escultura, dominou a representação do corpo humano, atingindo uma síntese entre naturalismo e idealismo no período clássico, com destaque para a produção de Míron, Fídias, Policleto e Praxíteles. Com claros precedentes na arte etrusca e na arte grega, a arte romana alcançou quase todos os cantos da Europa, Norte de África e do Oriente Médio, estabelecendo as bases da arte ocidental. Grandes engenheiros e construtores, se destacaram na arquitetura civil desenvolvendo o arco e a cúpula, com a construção de estradas, pontes, aquedutos e obras urbanas, bem como os templos, palácios, teatros, anfiteatros, circos, banhos, arcos triunfais etc. A escultura, inspirada na grega, é também centrada na figura humana, mas de forma mais realista. A pintura e o mosaico são conhecidos pelos vestígios encontrados em Pompeia e alguns outros lugares.[29]






Arte medieval (c. 300-1350)



Ver artigo principal: Arte da Idade Média

A arte medieval, sendo uma derivação direta da arte romana, inicia com a arte paleocristã, após a oficialização do cristianismo como religião do Império Romano. Trabalharam as formas clássicas para interpretar a nova doutrina religiosa. Porém, logo o estilo clássico se pulverizou em uma multiplicidade de escolas regionais, com o aparecimento de formas mais esquemáticas e simplificadas. Na arquitetura, destacou-se como o tipo basílica, enquanto que na escultura os sarcófagos assumiram papel destacado, bem como os mosaicos e as pinturas das catacumbas. A etapa seguinte constituiu a chamada arte bizantina, incorporando influências orientais e gregas, e tendo no ícone e nos mosaicos seus gêneros principais. A arte românica seguiu-lhe paralelamente, recebendo a influência de povos bárbaros como os germânicos, celtas e godos. Foi o primeiro estilo de arte internacional depois da queda do Império Romano do Ocidente.


Eminentemente religiosa, a maioria da arte românica visa a exaltação e difusão do cristianismo. A arquitetura enfatiza o uso de abóbadas e arcos, começando a construção de grandes catedrais, que continuará durante o gótico. A escultura se desenvolveu principalmente no âmbito arquitetônico, com formas esquematizadas. A arte gótica se desenvolveu entre os séculos XII e XVI, sendo um momento de florescimento econômico e cultural. A arquitetura foi profundamente alterada a partir da introdução do arco ogival e do arcobotante, nascendo formas mais leves e mais dinâmicas, que possibilitaram a construção de edifícios mais altos e com aberturas maiores, tipificados na catedral gótica. A escultura continua principalmente enquadrada na obra arquitetônica, mas começou a desenvolver-se de forma autônoma, com formas mais realistas e elegantes inspirados pela natureza e, em parte, numa recuperação de influências clássicas. Aparecem grandes retábulos escultóricos e a pintura desenvolve técnicas inovadoras como o óleo e a têmpera, criando-se obras de grande detalhamento.[30]






Arte na Idade Moderna (c. 1350-1850)



Ver artigo principal: Arte na Idade Moderna

A Idade Moderna inicia no renascimento, período de grande esplendor cultural na Europa. A religião deu lugar a uma concepção científica do homem e do universo, no sistema do humanismo. As novas descobertas geográficas levaram a civilização europeia a se expandir para todos os continentes, e através da invenção da imprensa a cultura se universalizou. Sua arte foi inspirada basicamente na arte clássica greco-romana e na observação científica da natureza.


Entre seus expoentes, estão Filippo Brunelleschi, Leon Battista Alberti, Bramante, Donatello, Leonardo da Vinci, Dante Alighieri, Petrarca, Rafael, Dürer, Palestrina e Lassus. Sua continuação produziu o Maneirismo, com a emergência de um maior individualismo e um senso de drama e extravagância, proliferando em inúmeras escolas regionais. Também foi importante nesta fase a disputa entre protestantes e católicos contrarreformistas, com repercussões na arte sacra. Shakespeare, Cervantes, Camões, Andrea Palladio, Parmigianino, Monteverdi, El Greco e Michelangelo são alguns de seus representantes mais notórios. No período barroco, fortaleceram-se os Estados nacionais, dando origem ao absolutismo. Como reflexo disso, a arte se torna suntuosa e grandiloquente, privilegiando os contrastes acentuados, o senso de drama e o movimento. Firmam-se grandes escolas em vários países, como na Itália, França, Espanha e Alemanha. São nomes fundamentais do período Góngora, Vieira, Molière, Donne, Bernini, Bach, Haendel, Lully, Pozzo, Borromini, Caravaggio, Rubens, Poussin, Lorrain, Rembrandt, Ribera, Zurbarán, Velázquez, entre uma multidão de outros.[31]


Sua sequência foi o rococó, surgido a partir de meados do século XVIII, com formas mais leves e elegantes, privilegiando o decorativismo, a sofisticação aristocrática e a sensibilidade individual. Ao mesmo tempo, se firmava uma corrente iluminista, pregando o primado da razão e um retorno à natureza. Foram importantes, por exemplo, Voltaire, Jean-Jacques Rousseau, Carl Philipp Emanuel Bach, Jean-Antoine Houdon, Antoine Watteau, Jean-Honoré Fragonard, Joshua Reynolds e Thomas Gainsborough. No final do século, emergem duas correntes opostas: o romantismo e o neoclassicismo, que dominarão até meados do século XIX, às vezes em sínteses ecléticas, como na obra de Goethe.


O romantismo enfatizava a experiência individual do artista, com obras arrebatadas, visionárias e dramáticas, enquanto que o neoclassicismo recuperava o ideal equilibrado do classicismo e impunha uma função social moralizante e política para a arte. Na primeira corrente, podem ser destacados Victor Hugo, Byron, Eugène Delacroix, Francisco de Goya, Frédéric Chopin, Ludwig van Beethoven, William Turner, Richard Wagner, William Blake, Albert Bierstadt e Caspar David Friedrich, e, na segunda, Jacques-Louis David, Mozart, Haydn e Antonio Canova.[32]






Arte contemporânea (c. 1850-atualidade)



Ver artigos principais: Arte moderna e Arte contemporânea

Entre meados do século XIX e o início do século XX, se lançaram as bases da sociedade contemporânea, marcada no terreno político pelo fim do absolutismo e a instauração dos governos democráticos. No campo econômico, marcaram, esta fase, a Revolução Industrial e a consolidação do capitalismo, que tiveram respostas nas doutrinas de esquerda como o marxismo, e na luta de classes. Na arte, o que tipifica o período é a multiplicação de correntes grandemente diferenciadas. Até o fim do século XIX, surgiram, por exemplo, o realismo, o impressionismo, o simbolismo e o pós-impressionismo.[33]


O século XX se caracterizou por uma forte ênfase no questionamento das antigas bases da arte, propondo-se a criar um novo paradigma de cultura e sociedade e derrubar tudo o que fosse tradição. Até meados do século, as vanguardas foram enfeixadas no rótulo de modernistas, e desde então elas se sucedem cada vez com maior rapidez, chegando aos dias de hoje a um estado de total pulverização dos estilos e estéticas, que convivem, dialogam, se influenciam e se enfrentam mutuamente. Também surgiu uma tendência de solicitar a participação do público no processo de criação, e incorporar, ao domínio artístico, uma variedade de temas, estilos, práticas e tecnologias antes desconhecidas ou excluídas. Entre as inúmeras tendências do século XX, podemos citar: art nouveau, fauvismo, pontilhismo, abstracionismo, expressionismo, realismo socialista, cubismo, futurismo, dadaísmo, surrealismo, funcionalismo, construtivismo, informalismo, arte pop, neorrealismo, artes de ação (performance, happening, fluxus, instalação), op art, videoarte, minimalismo, arte conceitual, fotorrealismo, land art, arte povera, body art, arte pós-moderna, transvanguarda, neoexpressionismo, hiper-realismo.[34]






Historiografia da arte




O arqueólogo e historiador da arte alemão Johann Joachim Winckelmann, considerado o Pai da história da arte.


A historiografia da arte é a ciência que analisa o estudo da história da arte desde um ponto de vista metodológico, ou seja, a forma como o historiador realiza o estudo da arte, as ferramentas e disciplinas que podem ser usadas para esse estudo. O mundo da arte sempre tem levado, em paralelo, um componente de autorreflexão. Vitrúvio escreveu o tratado sobre a arquitetura mais antigo que se conserva, De Architectura. Sua descrição das formas arquitetônicas da antiguidade greco-romana influenciou o Renascimento, sendo, por sua vez, uma importante fonte documental para as informações sobre a pintura e escultura grega e romana.[35]Giorgio Vasari, em Le vite de' più eccellenti pittori, scultori e architettori (1542-1550), foi um dos predecessores da historiografia da arte, fazendo uma crônica dos principais artistas de seu tempo, pondo especial ênfase na progressão e no desenvolvimento da arte. No entanto, estes escritos, geralmente crônicas, inventários, biografias ou outros escritos mais ou menos literários, careciam de perspectiva histórica e do rigor científico necessários para serem considerados historiografia da arte.[36]


Johann Joachim Winckelmann é considerado o pai da história da arte, criando uma metodologia científica para a classificação das artes e baseando a História da arte em uma teoria estética de influência neoplatônica: a beleza é o resultado de uma materialização da ideia. Grande admirador da cultura grega, postulou que, na Grécia antiga, se deu a beleza perfeita, gerando um mito sobre a perfeição da beleza clássica que ainda condiciona a perfeição da arte hoje em dia. Em Reflexão sobre a imitação das obras de arte gregas (1755), afirmou que os gregos chegaram a um estado de perfeição total na imitação da natureza e, assim, nós, agora, só podemos imitar os gregos. Assim mesmo, relacionou a arte com as etapas da vida humana (infância, idade adulta, velhice), estabelecendo uma evolução da arte em três estilos: arcaico, clássico e helenístico.[37]


Durante o século XIX, a nova disciplina buscou uma formulação mais prática e rigorosa, especialmente desde a aparição do positivismo. No entanto, essa tarefa foi abordada por diversas metodologias que trouxeram uma grande variedade de tendências historiográficas: o romantismo impôs uma visão historicista e revivalista do passado, resgatando e pondo em moda novamente estilos artísticos que haviam sido desvalorizados pelo neoclassicismo winckelmanniano; assim, o vemos na obra de Ruskin, Viollet-le-Duc, Goethe, Schlegel, Wackenroder, entre outros. Em vez disso, a obra de autores como Karl Friedrich von Rumohr, Jacob Burckhardt e Hippolyte Taine, foi a primeira tentativa séria de formular uma história da arte com base em critérios científicos, baseando-se em análises críticas das fontes historiográficas. Por outro lado, Giovanni Morelli introduziu o conceito de connoisseur, o especialista em arte, que a analisa com base tanto em seus conhecimentos como em sua intuição.[38]


A primeira escola historiográfica de grande relevância foi o formalismo, que defendia o estudo da arte a partir do estilo, aplicando uma metodologia evolucionista que defendia, para a arte, uma autonomia longe de qualquer consideração filosófica, rejeitando a estética romântica e o ideal hegeliano, e se aproximando do neokantismo. Seu primeiro teórico foi Heinrich Wölfflin, considerado o pai da moderna História da arte. Ele aplicou, à arte, critérios científicos, como o estudo psicológico ou o método comparativo: definia os estilos por suas diferenças estruturais inerentes aos mesmos, como argumentou em sua obra Conceitos fundamentais da História da Arte (1915). Wölfflin não atribuiu importância às biografias dos artistas, defendendo, por outro lado, a ideia de nacionalidade, de escolas artísticas e estilos nacionais. As teorias de Wölfflin foram continuadas pela chamada Escola de Viena, com autores como Alois Riegl, Max Dvořák, Hans Sedlmayr e Otto Pächt.[39]


Já no século XX, a historiografia da arte tem continuado dividida entre múltiplas tendências, desde autores ainda enquadrados no formalismo (Roger Fry, Henri Focillon), passando pelas escolas sociológica (Friedrich Antal, Arnold Hauser, Pierre Francastel, Giulio Carlo Argan) ou psicológica (Rudolf Arnheim, Max Wertheimer, Wolfgang Köhler), até perspectivas individuais e sintetizadoras como as de Adolf Goldschmidt ou Adolfo Venturi. Uma das escolas mais reconhecidas tem sido a da iconologia, que centra seus estudos na simbologia e no significado da obra artística. Através do estudo de imagens, emblemas, alegorias e demais elementos de significado visual, pretende esclarecer a mensagem que o artista pretendeu transmitir em sua obra, estudando a imagem desde postulados mitológicos, religiosos ou históricos, ou de qualquer índole semântica presente em qualquer estilo artístico. Os principais teóricos desse movimento foram Aby Warburg, Erwin Panofsky, Ernst Gombrich, Rudolf Wittkower e Fritz Saxl.[40]



Crítica de arte




O Filósofo e Escritor francês Denis Diderot, considerado o Pai da crítica de arte moderna.


A crítica de arte é um gênero, entre literário e acadêmico, que faz uma avaliação sobre as obras de arte, artistas ou expositores, em princípio de forma pessoal e subjetiva, mas baseando-se na história da arte e suas múltiplas disciplinas, avaliando-se a arte segundo seu contexto ou evolução. É avaliativa, informativa e comparativa, apontando dados empíricos e testáveis. Denis Diderot é considerado o primeiro crítico de arte moderno, por seus comentários sobre as obras de arte expostas nos salões de Paris, realizados no Museu do Louvre desde 1725. Esses salões, abertos ao público, atuaram como centro difusor de tendências artísticas, propiciando modas e gostos em relação à arte, sendo, assim, objeto de debate e crítica. Diderot escreveu suas impressões sobre esses salões primeiro em uma carta escrita em 1759, que foi publicada na correspondência literária de Frédéric-Melchior Grimm, e desde então até 1781, sendo o ponto de partida desse gênero.[41]


No início da crítica de arte, há que se avaliar, por um lado, o acesso do público a essas exposições artísticas, que, junto com a proliferação dos meios de comunicação de massa desde o século XVIII, produziram uma via de comunicação direta entre o crítico e o público a que se dirige. Por outro lado, o auge da burguesia como classe social que inventou a arte como objeto de ostentação, e o crescimento do mercado artístico que levou consigo, proporcionaram um ambiente social necessário para a consolidação da crítica artística. A crítica de arte tem estado geralmente vinculada ao jornalismo, exercendo um trabalho de porta-voz do gosto artístico. Isso, por um lado, lhe tem conferido um grande poder, ao ser capaz de afundar ou elevar a obra de um artista, mas por outro lado lhe tem feito objeto de ferozes ataques e controvérsias. Outro ponto a ressaltar é o caráter de atualidade da crítica da arte, já que se centra em um contexto histórico e geográfico no qual o crítica realiza seu trabalho, imersa em um fenômeno cada vez mais dinâmico como é o das correntes de moda. Assim, a falta de historicidade para emitir um juízo sobre as bases consolidadas leva a crítica de arte a estar frequentemente sustentada na intuição do crítico, como um fator de risco que leva consigo. Por fim, como disciplina sujeita a seu tempo e à evolução cultural da sociedade, a crítica de arte sempre revela um componente do pensamento social no qual se vê imersa, existindo, assim, diversas correntes de crítica de arte: romântica, positivista, fenomenológica, semiológica etc.[42] Disse Charles Baudelaire:




Para ser justa, ou melhor, para ter sua razão de ser, a crítica deve ser parcial, apaixonada, política; isto é: deve adotar um ponto de vista exclusivo, mas um ponto de vista exclusivo que abra ao máximo os horizontes. [43]





Entre os críticos de arte, tem havido desde famosos escritores até os próprios historiadores de arte, que, muitas vezes, têm passado de análises metodológicas à crítica pessoal e subjetiva, conscientes de que são uma arma de grande poder. Podem ser citados Charles Baudelaire, John Ruskin, Oscar Wilde, Émile Zola, Joris-Karl Huysmans, Guillaume Apollinaire, Wilhelm Worringer, Clement Greenberg e Michel Tapié.[44]


Sociologia da arte


A sociologia da arte é uma disciplina das ciências sociais que estuda a arte desde uma abordagem metodológica baseada na sociologia. Seu objetivo é estudar a arte como produto da sociedade humana, analisando os diversos componentes sociais que contribuem para a gênese e difusão da obra artística. A sociologia da arte é uma ciência multidisciplinar, recorrendo para suas análises a diversas disciplinas como a cultura, a política, economia, antropologia, linguística, filosofia, e demais ciências sociais que influenciam no desenvolvimento da sociedade. Entre os diversos objetos de estudo da sociologia da arte, se encontram vários fatores que intervêm desde um ponto de vista social na criação artística, desde aspectos mais genéricos como a situação social do artista ou a estrutura sociocultural do público, até mais específicos como o mecenato, o mercantilismo e comercialização da arte, as galerias de arte, a crítica de arte, colecionadores, museografia, instituições e fundações artísticas etc.[45] Também cabe destaque no século XX à aparição de novos fatores como o avanço da difusão dos meios de comunicação, a cultura de massas, a categorização da moda, a incorporação de novas tecnologias ou a abertura de conceitos na criação material da obra de arte (arte conceitual, arte de ação).[carece de fontes?]


A sociologia da arte deve seus primeiros passos a interesses de diversos historiadores pela análise do ambiente social da arte desde metade do século XIX, especialmente após a criação do positivismo como método de análise científica da cultura, e a criação da sociologia como ciência autônoma por Auguste Comte. No entanto, a sociologia da arte se desenvolveu como disciplina própria durante o século XX, com sua própria metodologia e seus objetos de estudo determinados. O ponto de partida dessa disciplina é geralmente situado imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, com a aparição de diversas obras decisivas no desenvolvimento dessa disciplina: Arte e revolução industrial, de Francis Klingder (1947); A pintura florentina e seu ambiente social, de Friedrih Antal (1948); e História social da literatura e a arte, de Arnold Hauser (1951). No seu início, a sociologia da arte esteve estritamente vinculada ao marxismo - como os próprios Hauser e Antal, ou Nikos Hadjinikolaou, autor de História da arte e luta de classes (1973) - embora, em seguida, se distanciasse dessa tendência para adquirir autonomia própria como ciência. Outros autores destacados dessa disciplina são Pierre Francastel, Herbert Read, Francis Haskell, Michael Baxandall, Peter Burke e Giulio Carlo Argan.[46]


Psicologia da arte





Autorretrato com a Orelha Cortada (1889), de Vincent van Gogh. A psicanálise permite compreender certos aspectos da personalidade do artista.


A psicologia da arte é a ciência que estuda os fenômenos da criação e apreciação artística desde uma perspectiva psicológica. A arte é, como manifestação da atividade humana, suscetível a ser analisada de forma psicológica, estudando os diversos processos mentais e culturais que ocorrem durante a criação da arte, tanto em sua criação como em sua recepção por parte do público. Por outro lado, como fenômeno da conduta humana, pode servir como base de análise da consciência humana, sendo, a percepção estética, um fator distintivo do ser humano como espécie, que o diferencia dos animais. A psicologia da arte é uma ciência interdisciplinar, que deve recorrer fortemente a outras disciplinas científicas para poder efetuar sua análise, desde - logicamente - a história da arte, até a filosofia e a estética, passando pela sociologia, antropologia, neurobiologia etc. Também está estritamente conectada com o resto dos ramos da psicologia, desde a psicanálise até a psicologia cognitiva, evolutiva ou social, passando pela psicobiologia e os estudos de personalidade.


A nível fisiológico, a psicologia da arte estuda os processos básicos da atividade humana - como a percepção, a emoção e a memória-, assim como as funções superiores do pensamento e da linguagem. Entre seus objetos de estudo, se encontram tanto a percepção de cor (recepção retiniana e processamento do córtex) e a análise da forma, como os estudos sobre a criatividade, capacidades cognitivas (símbolos, ícones), e a arte como terapia. Para o desenvolvimento dessa disciplina foram essenciais as contribuições de Sigmund Freud, Gustav Fechner, a escola de Gestalt (dentro da qual se destacam os trabalhos de Rudolf Arnheim), Lev Vygotski, Howard Gardner etc.[47]


Uma das principais correntes da psicologia da arte tem sido a Escola de Gestalt, que afirma que estamos condicionados pela nossa cultura -em sentido antropológico-, e que a cultura condiciona nossa percepção. Toma, como ponto de partida, a obra de Karl Popper, que afirma que, na apreciação estética, há um pouco de insegurança (gosto), que não tem base científica e não se pode generalizar; levamos uma ideia preconcebida ("hipótese prévia"), que faz com que encontremos, no objeto, o que buscamos. Segundo a Gestalt, a mente configura, através de certas leis, os elementos que chegam a ela através dos canais sensoriais (percepção) ou da memória (pensamento, inteligência e resolução de problemas). Em nossa experiência do meio ambiente, esta configuração tem um caráter primário sobre os elementos que a compõem, e a soma desses últimos por si próprios não poderia nos levar, portanto, à compreensão do funcionamento mental.


Se fundamentam na noção de estrutura, entendida como um todo significativo de relações entre estímulos e respostas, e tentam entender os fenômenos em sua totalidade, sem esperar os elementos do conjunto, que formam uma estrutura integrada fora da qual esses elementos não teriam significado. Seus principais expoentes foram Rudolf Arnheim, Max Wertheimer, Wolfgang Köhler, Kurt Koffka e Kurt Lewin.[48]



Conservação e restauro



Ver artigo principal: Conservação e restauro





Juízo Final de Michelangelo antes da restauração.





Juízo Final durante a restauração.





Juízo Final depois da restauração.




A conservação e restauro de obras de arte é uma atividade que tem, por objeto, a reparação ou atuação preventiva sobre qualquer obra que, devido a sua antiguidade ou estado de conservação, esteja necessitando de uma intervenção para preservar sua integridade física, assim como seu valor artístico, respeitando ao máximo a essência original da obra.[49] Na opinião de Cesare Brandi, "a restauração deve se dirigir ao restabelecimento da unidade potencial da obra de arte, sempre que isso seja possível, sem cometer uma falsificação artística ou uma falsificação histórica, e sem apagar pegada alguma do transcurso da obra de arte através do tempo.[50]


Na arquitetura, a restauração é apenas do tipo funcional, para preservar a estrutura e unidade do edifício, ou reparar rachaduras ou pequenos defeitos que podem surgir nos materiais. Até o século XVIII, as restaurações arquitetônicas só preservavam as obras de culto religioso, dado seu caráter litúrgico e simbólico. Quanto aos outros tipos de edifício, eram reconstruídos sem se respeitar o estilo original. Por fim, desde o auge da arqueologia ao final do século XVIII, especialmente com as escavações de Pompeia e Herculano, se tendeu a preservar, na medida do possível, qualquer estrutura do passado, sempre e quando tivesse um valor artístico e cultural. Ainda assim, no século XIX os ideais românticos levaram a buscar a pureza estilística do edifício, e a moda do historicismo levou a planejamentos como os de Viollet-le-Duc, defensor da intervenção em monumentos com base em um certo ideal estilístico. Na atualidade, se tende a preservar ao máximo a integridade dos edifícios históricos.[carece de fontes?]


Na área da pintura, se tem evoluído desde uma primeira perspectiva de tentar recuperar a legibilidade da imagem, acrescentando, se necessário, partes perdidas da obra, a respeitar a integridade tanto física como estética da obra de arte, fazendo as intervenções necessárias para suas conservação sem se produzir uma transformação radical da obra. A restauração pictórica adquiriu um crescente impulso a partir do século XVII, devido ao mau estado de conservação de pinturas a fresco, técnica bastante corrente na Idade Média e no Renascimento. Do mesmo modo, o aumento do mercado de antiguidades proporcionou a restauração de obras antigas caras para sua posterior comercialização. Por último, a escultura tem sido uma evolução paralela: desde a reconstrução de obras antigas, geralmente em relação a membros mutilados (como a reconstrução do Laocoonte em 1523-1533 por parte de Giovanni Angelo Montorsoli), até a atuação sobre a obra preservando sua estrutura original, mantendo em caso necessário um certo grau de reversibilidade da ação praticada.[51]



Referências




  1. Manifesto das Sete Artes, Université de Metz. Visitado em 29 de Junho de 2015


  2. SOURIAU, Étienne - La Correspondance des arts. Éléments d’esthétique comparée, Paris, Flammarion, 1969. (em francês)


  3. ab "Art". In: Encyclopædia Britannica Online. Web. 23 de Fevereiro de 2012


  4. abcd Dissanayake, Ellen. What is art for? University of Washington Press, 1990, pp. 34-39


  5. Guignon, Charles. "Meaning in the Work of Art: a hermeneutic perspective". In: French, Peter A. e Wettstein, Howard K. Meaning in the arts. Wiley-Blackwell, 2003, pp. 26-27


  6. Tatarkiewicz, Władysław. Historia de la estética I. La estética antigua. Madrid: Akal, 2002, p. 39


  7. Beardsley, Monroe C. e Hospers, John. Estética. Historia y fundamentos. Madrid: Cátedra, 1990, p. 20.


  8. Tatarkiewicz (2002), p. 39.


  9. Tatarkiewicz Historia de la estética II. La estética medieval. Madrid: Akal, 1989, vol. II, p. 87-88.


  10. Tatarkiewicz (2002), p. 43.


  11. Beardsley e Hospers, p. 44.


  12. Tatarkiewicz, Władysław. Historia de la estética III. La estética moderna 1400-1700. Madrid: Aka, 1991, vol. III, p. 367-368.


  13. Guignon, pp. 27-28


  14. Guignon, pp. 28-30


  15. Eco, Umberto. Historia de la belleza. Barcelona: Lumen, 2004, pp. 329-333


  16. Bozal, Valeriano et alii. Historia de las ideas estéticas y de las teorías artísticas contemporáneas. Madrid: Visor, 2000, vol. I, p. 324-329.


  17. Eco, p. 415-417.


  18. Givone, Sergio. Historia de la estética. Madrid: Tecnos, 2001, p. 102-104.


  19. Givone (2001), p. 112-113.


  20. Beardsley e Hospers, p. 73.


  21. Givone (2001), p. 108-111.


  22. Bozal (2000), vol. I, p. 379-380.


  23. Givone, p. 122-230


  24. Torres, Louis e Kamhi, Michelle Marder. What art is: the esthetic theory of Ayn Rand. Open Court Publishing, 2000, pp. 94-100


  25. Mayer, Ralph. Manual do Artista. Martins Fontes, 2002.


  26. Woodford, Susan. A Arte de ver a Arte. Círculo do Livro, 1983. Coleção História da arte da Universidade de Cambridge.


  27. Azcárate Ristori et alii. Historia del Arte. Madrid: Anaya, 1983, pp. 24-28.


  28. Azcárate et alii, pp. 30-45.


  29. Azcárate et alii, p. 64-88.


  30. Azcárate et alii, p. 95-137


  31. Pérez-Sánchez. (1983), pp. 347-409.


  32. Pérez Sánchez (1983), pp. 479-651


  33. Azcárate Ristori, José María de; Pérez Sánchez, Alfonso Emilio; Ramírez Domínguez, Juan Antonio. Historia del Arte. Anaya, Madrid, 1983, pp. 773-837.


  34. González, Antonio Manuel. Las claves del arte. Últimas tendencias. Planeta, Barcelona, 1991, pp. 7-61


  35. Tatarkiewicz (2000), p. 280-288.


  36. Bozal, p. 137.


  37. Bozal, vol. I, p. 150-154.


  38. Bozal (2000), vol. I, p. 141-143.


  39. Bozal, vol. II, p. 255-258.


  40. Bozal, vol. II, p. 293-295.


  41. Bozal, vol. I, p. 22-23.


  42. Bozal, vol. I, p. 155-170.


  43. Apud Bozal (2000), vol. I, p. 165.


  44. Villa, Rocío de la. Guía del arte hoy. Madrid: Tecnos, 2003, p. 62-66


  45. Bozal (1999), vol. II, p. 332.


  46. Bozal (2000), vol. I, p. 147.


  47. Marty (1999), p. 13-14.


  48. «La Psicología de la Gestalt». Consultado em 15 de março de 2009 


  49. Brandi (2002), p. 13-17.


  50. Brandi, Cesare. Teoría de la restauración, 2002, p. 14.


  51. AA.VV. (1991), p. 812.



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