Testudinata
Testudines | |||||||||
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Ocorrência: Triássico - Recente 215–0 Ma PreЄ Є O S D C P T J K Pg N | |||||||||
Prancha extraída do Kunstformen der Natur (1904) de Ernest Haeckel. | |||||||||
Classificação científica | |||||||||
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Distribuição geográfica | |||||||||
Tartarugas marinhas Tartarugas terrestres | |||||||||
Subordens | |||||||||
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Sinónimos | |||||||||
Sinonímia[1]
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Testudines é uma ordem de répteis caracterizada pela presença de uma carapaça. Por vezes são referidos como quelônios, quelónios ou testudíneos. Esse grupo está representado pelas tartarugas (as marinhas e as de água doce), pelos cágados (de água doce) e pelas tartarugas terrestres, também chamadas jabutis (no Brasil).
Esses animais apresentam placas ósseas dérmicas, que se fundem originando uma carapaça dorsal e um plastrão ventral rígidos, que protegem o corpo. As vértebras e costelas fundem-se a essas estruturas. Os ossos da carapaça são recobertos por escudos córneos de origem epidérmica. Não possuem dentes, mas apresentam lâminas córneas usadas para arrancar pedaços de alimentos.São todos ovíparos.
O grupo tem cerca de 300 espécies, e ocupa habitats diversificados como os oceanos, rios ou florestas tropicais. Os quelônios estão na lista dos maiores répteis do mundo.
A ordem subdivide-se nas subordens Pleurodira e Cryptodira, conforme a posição do pescoço quando a cabeça se encontra dentro da carapaça.
Índice
1 Nomenclatura
2 Distribuição geográfica
3 Hábitos alimentares
4 Classificação
5 Alimento humano
6 Referências
7 Ligações externas
Nomenclatura |
A ordem possui uma instabilidade nomenclatural histórica, sendo os nomes Chelonia/Chelonii, Testudinata e Testudines, os mais utilizados para a nomear.[2] O termo Testudines, historicamente atribuído a Linnaeus (1758), constitui de fato um nome no plural usado para referir-se aos membros do gênero Testudo, e não foi cunhado como um táxon propriamente dito.[3] Linnaeus também se utilizou dos termos Testudine e Testudinibus no mesmo contexto de Testudines, reforçando o emprego do termo como vernáculo.[4] Os termos Chelonii e Chelonia, respectivamente de Latreille (1800) e Ross & Macartney (1802), constituem latinização subsequente do termo Chéloniens de Brongniart (1800).[4] O termo Chelonii foi utilizado como nome da ordem por diversos autores,[3][5] com a atribuição do autor variando entre Brongniart, 1800a e Latreille, 1800. Chelonia, algumas vezes também é utilizado para a ordem, mas constitui um hemihomônimo com o gênero Chelonia, podendo causar confusão de nomenclatura.[4] Alguns autores advogaram contra o uso do Chelonii como nome da ordem, preferindo o termo Testudines.[6][7] Os termos Chelonii Brongniart, 1800 e Testudinata Oppel, 1811 foram criados com nível taxonômico de classe, por isso não devem ser usados para uma ordem.[4] Frequentemente, a ordem é chamada de Testudines, citando como autor 'Batsch, 1788', entretanto, Batsch cunhou o termo como uma família e não como uma ordem.[4] O 'Turtle Taxonomy Working Group' vinculado a IUCN, em sua lista taxonômica, utiliza como nome da ordem o 'Testudines Batsch, 1788', uma vez que o assunto ainda é controverso devido a uma variedade de possíveis interpretações alternativas quanto a validade, uso, formato e atribuição autoral dos termos, já que o Código Internacional de Nomenclatura Zoológica não regula nomes acima do nível taxonômico de família.[8]
No Brasil, membros desta ordem podem ser denominados jabutis, cágados ou tartarugas. Os quelônios terrestres (que andam sobre a terra) são jabutis com patas grossas. Os marinhos (água salgada) são tartarugas com nadadeiras em vez de patas; e os de água doce, com pés palmados e carapaça hidrodinâmica, são os cágados.
Em Portugal, o termo cágado é exclusivamente utilizado para designar as duas espécies de tartarugas aquáticas nativas do país - a Emys orbicularis e a Mauremys leprosa, sendo o termo tartaruga utilizado para todas as espécies de quelónios.
A designação sapo-concho é um termo mais abrangente, dado que pode denominar tanto os quelônios terrestres como os aquáticos, variando de região para região.
Entre as tartarugas domésticas incluem-se as tartarugas da Florida, carnívoras. Estes seres caracterizam-se por uma peculiar mancha vermelha lateral na sua cabeça. Relacionam-se facilmente com humanos e tornaram-se, ao longo dos anos, um dos animais de estimação mais populares.
As espécies de tartarugas mais antigas já encontradas datam de 215 milhões de anos.[9]
Distribuição geográfica |
Quelônios terrestres estão presentes em quase todo o mundo, exceto em regiões polares, ou alpinas, sendo muito comuns em florestas tropicais. Já as aquáticas, estão em todos os oceanos, exceto nos polares.[carece de fontes]
Hábitos alimentares |
Há inúmeras espécies de tartaruga (ver classificação) e há diferenças na dieta conforme a subordem. Muitas tartarugas são herbívoras[10] e algumas são onívoras (ou omnívoras),[11][12] ou seja, comem de tudo.
Classificação |
- Subordem Cryptodira Dumeril & Bibron, 1835
- Família Chelydridae Gray, 1831
- Família †Meiolaniidae Lydekker, 1887
- Superfamília Chelonioidea Bauer, 1893
- Família †Protostegidae Cope, 1872
- Família †Thalassemyidae Rütimeyer, 1878
- Família †Toxochelyidae Baur, 1895
- Família Cheloniidae Oppel, 1811
- Família Dermochelyidae Fitzinger, 1843
- Superfamília Kinosternoidea Joyce, Parham & Gauthier, 2004
- Família Dermatemydidae Gray, 1870
- Família Kinosternidae Agassiz, 1857
- Família Platysternidae Gray, 1869
- Superfamília Testudinoidea Batsch, 1788
- Família †Haichemydidae Sukhanov & Narmandakh, 2006
- Família †Lindholmemydidae Chkhikvadze, 1970
- Família †Sinochelyidae Chkhikvadze, 1970
- Família Emydidae Rafinesque, 1815
- Família Testudinidae Batsch, 1788
- Família Geoemydidae Theobald, 1868
- Superfamília Trionychoidea
- Família †Adocidae Cope, 1870
- Família Carettochelyidae Boulenger, 1887
- Família Trionychidae Fitzinger, 1826
- Subordem Pleurodira Cope, 1864
- Família †Araripemydidae Price, 1973
- Família †Dortokidae Lapparent de Broin & Murelaga, 1996
- Família †Euraxemydidae Gaffney, Tong & Buffetaut, 2006
- Família †Platychelyidae Brän, 1965
- Família †Proterochersidae Nopcsa, 1928
- Família Chelidae Gray, 1831
- Superfamília Pelomedusoidea
- Família †Bothremydidae Baur, 1891
- Família Pelomedusidae Cope, 1868
- Família Podocnemididae Gray, 1869
Alimento humano |
Os ameríndios faziam grande uso das tartarugas, tracajás, jabutis e cágados como alimento.[13]
Era e é comum na Amazônia peixes, tartarugas e tracajás ficarem presos em lagos formados com a baixa das águas dos rios. As tartarugas saem e se dirigem para o rio mais próximo. Por alguma razão os tracajás nela permanecem e os índios, para capturá-los, batiam na água com pedaços de pau durante o dia. Os animais esperavam a noite para sair e eram facilmente capturados.[14]
Tartarugas eram facilmente capturadas após a desova por índios da Amazônia que simplesmente as viravam com o casco para baixo e depois as recolhiam e as levavam à aldeia, colocando-as em currais previamente preparados.[15][16]
Índios amazônicos montavam um palanque dentro da água e lá ficavam observando o movimento das tartarugas marinhas. Quando alguma se aproximava, mesmo estando bem no fundo, o índio mergulhava e a dominava com as mãos.[16] Os Otomaco da Venezuela também capturavam tartarugas mergulhando na água.[17]
Os Caibí do Mato Grosso consumiam o tracajá (tartaruga amazônica que chega a pesar 12 kg) e seus ovos. Cozinhavam os ovos, desta forma conservando-os por longo tempo.[18]
Índios de algumas tribos adoravam o jabuti com farofa. Removiam os intestinos do animal através de um buraco na parte ventral, através dele introduziam farinha e colocavam o jabuti inteiro para assar nas brasas.[19]
Referências
↑ crm 2011
↑ HUNT, T. (1958). «The Ordinal Name for Tortoises, Terrapins and Turtles». Herpetologica. 14 (3): 148–150
↑ ab BOUR, R.; DUBOIS, A. (1984c [1985]). «Nomenclature ordinale et familiale des tortues (Reptilia)». Studia Geologica Salmanticensia. Especial 1: 77-86 Verifique data em:|ano=
(ajuda) !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
↑ abcde DUBOIS, A.; BOUR, R. (2010). «The distinction between family-series and class-series nomina in zoological nomenclature, with emphasis on the nomina created by Batsch (1788, 1789) and on the higher nomenclature of turtles». Bonn Zoological Bulletin. 57 (2): 149-171 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
↑ Bour 1981
↑ Smith & Smith 1979
↑ Dundee 1990
↑ crm2011
↑ «Archelon-Enchanted Learning Software». Enchantedlearning.com. Consultado em 14 de março de 2009
↑ Mariana Caltabiano Criações. «Galerias de tartaruga». Iguinho. Consultado em 21 de junho de 2015
↑ Elizabeth Palermo (12 de maio de 2014). «What do Turtles Eat?». LiveScience.com. Consultado em 21 de junho de 2015
↑ Luiz ch (21 de maio de 2014). «O que as tartarugas comem? Descubra». Curiomais+. Consultado em 21 de junho de 2015
↑ CAVALCANTE, Messias S. Comidas dos Nativos do Novo Mundo. Barueri, SP. Sá Editora. 2014, 403p.ISBN 9788582020364
↑ BATES, Henry Walter (1825-1892). Um naturalista no rio Amazonas. Belo Horizonte, Edit. Itatiaia; São Paulo, Edit. da Universidade de São Paulo. 1979, 300 p.
↑ ACUÑA, Cristóbal de (1597-1675). Novo descobrimento do rio Amazonas. Consejeria de Educación de La Embajada de España. 1994, 211 p.</
↑ ab DANIEL, João (1722-1776). Tesouro descoberto no máximo rio Amazonas. Rio de Janeiro, Contraponto. 2004, Vol. 1, 600 p.
↑ GUMILLA, Joseph 1686-1750 (1791). Historia natural, civil y geográfica de las naciones situadas en las riveras del río Orinoco. Tomo I. 360 p. Barcelona, em La Imprenta de Carlos Gibert y Tutó. http://books.google.com.br/books/reader?id=h_Ax_de6uIgC&hl=pt-BR&printsec=frontcover&output=reader&source=gbs_atb_hover&pg=GBS.PP7. Consulta em 09/1/2012
↑ RIBEIRO, Berta G. (1924-1997). Diário do Xingu. Rio de Janeiro, Paz e Terra. 1979, 265p.
↑ BASTOS, Abguar. A pantofagia ou as estranhas práticas alimentares da selva: Estudo na região amazônica. São Paulo, Editora Nacional; Brasília DF, INL. 1987, 153 p
Ligações externas |
- Wikiquote
- Wikilivros
- Wikcionário
- Wikispecies
- Mikko's Haaramo Phylogeny - Testudinata
- MOON P. F.; HERNANDEZ-DIVERS S. M.; Reptiles: Aquatic Turtles (Chelonians). International Veterinary Information Service, Ithaca, New York, USA, 2001 artigo
- Atlas da Anatomia das Tartarugas Marinhas (quelónio) livro - 25.5 mb
- TOLWEB - Testudines
- ADW - Testudines